Economia

Alimentos caem e aliviam inflação

A alta nos preços dos serviços, devido ao aquecimento da economia e ao aumento da renda, tende, porém, a fazer pressão duradoura sobre os indicadores de custo de vida

postado em 17/06/2010 08:08
Os consumidores brasileiros têm se beneficiado nas últimas semanas do alívio que os preços de alimentos está proporcionando aos orçamentos domésticos. Como prega o dito popular, no entanto, a boa notícia não deve durar muito nem tão pouco a deflação registrada nesses produtos deve acorrentar o dragão da inflação este ano.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou uma pequena queda de 0,04% no período, resultado que não era alcançado desde setembro de 2008, segundo a Fundação Getulio Vargas. Entre a última semana e a anterior, o que mais influenciou o indicador foi o grupo alimentação, que registrava uma queda de 0,46% e aprofundou ainda mais para deflação de 1,05%.

O Índice Geral de Preços (IGP) coletado até o dia 10 deste mês (IGP-10) também aponta uma redução de 0,01% nos preços ao consumidor, nos quais também se destacam os alimentos, com queda de 1,05%. Entre os produtos que mais seguraram a inflação individualmente estão a batata, que teve queda de 19,50% pelo IPC-S, e o tomate, com tombo de 17,81%.

Núcleo avança
O recuo não é suficiente, segundo a economista do banco Santander Tatiana Pinheiro, para reverter a trajetória de aumento da inflação. ;A evolução dos preços no ano está agora muito mais por conta de serviços do que alimentação;, analisou. Pinheiro destacou que no primeiro semestre havia uma leitura no mercado que considerava a inflação dos alimentos pouco preocupante, por ser passageira, mas segundo a economista, o que se observa agora é que o chamado núcleo da inflação (que desconsidera alimentos e preços administrados) continua avançando, a despeito da queda de preços alimentícios.

A elevação nos preços de serviços, motivada pelo aquecimento da economia e incremento da renda nas diversas camadas da população, desafia o Banco Central com uma tarefa um pouco mais complicada no controle inflacionário, porque tende a ser mais duradoura do que a de alimentos. Esses últimos têm uma produção cíclica e quando há condições mais favoráveis de clima e colheita, o arrefecimento dos preços é mais imediato.

A queda de preços alimentícios deve se manter nas próximas semanas e, posteriormente, seguir uma trajetória de estabilidade, segundo avaliação do coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti. ;Se não houver nenhum evento climático crítico, é possível que a pressão dos alimentos se limite só ao primeiro semestre;, considerou.

Além dos alimentos que já estão em deflação, como as hortaliças, legumes e frutas, o feijão deve ser o próximo a levar os preços para baixo. O produto registrava inflação de 8,69% na última semana e passou para 4,39%. Importante destacar que o feijão tem grande influência no indicador cheio, por pesar muito no orçamento das famílias.

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