Economia

Comércio terá ano de recordes

Faturamento cai 3% em abril por causa do fim da isenção do IPI sobre carros, mas deve fechar 2010 com alta de até 12%

Marcone Gonçalves
postado em 17/06/2010 08:10
Nem mesmo a forte queda de 3% das vendas em abril ante março apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) será capaz de frear o desempenho do comércio varejista, que pode fechar o ano com crescimento recorde de até 12%, de acordo com as estimativas de especialistas do setor. A retração nas compras interrompeu uma sequência de três altas mensais, mas está longe de representar um desaquecimento econômico do país. Pelo contrário, apesar da redução, o mês de abril registrou o terceiro melhor desempenho mensal da série histórica iniciada em 2000 em volume de vendas.

Analistas do governo e do mercado apontaram o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), especialmente do setor automobilístico, como a principal explicação para o tombo do comércio em abril. Nos cálculos do IBGE, as vendas de veículos e de motos, partes e peças recuaram 11,7%. No segmento de hiper e supermercados, que inclui eletrodomésticos, produtos alimentícios e bebidas, a queda foi de 0,7%. Já o de tecidos, vestuário e calçados encolheu 2,2%. No geral, dos 10 segmentos pesquisados, sete apontaram retração.

O sentimento é de otimismo, pois a renda, o emprego e o crédito, as ferramentas que sustentam o consumo, continuam apontando para cima. Sendo assim, destacou a economista Luiza Rodrigues, do Banco Santander, a economia permanece aquecida. Tanto que os dados preliminares da Serasa Experian sobre a demanda interna apontam para alta das vendas.

Para Luiza, a redução das vendas em abril não ameaça a previsão de crescimento recorde de 12% para o comércio varejista neste ano. ;O desempenho de 2010 será ainda favorecido pela injeção do dinheiro proveniente do aumento de 7,7% a aposentados e pensionistas aprovado pelo governo;, afirmou.

O próprio IBGE minimizou os indicadores de abril. Segundo o analista do órgão, Reinaldo Pereira, a queda de 3% foi pontual e precisa ser vista com reservas quando se analisa o desempenho do varejo. ;O dado não é uma referência boa;, afirmou. Para ele, a comparação mais adequada é com os meses do ano anterior. Por esse indicador, as vendas continuam bombando e registram aumento de 9,1%.

Embora menor que os 12,2% e os 15,7% registrados em fevereiro e março, respectivamente, o resultado desta vez vem de uma base de comparação menos favorável, pois foi em abril de 2009 que o comércio começou a tirar o pé da crise internacional. Nos quatro primeiros meses deste ano, o varejo acumula alta de 11,8%.

"O desempenho de 2010 será favorecido pelo aumento de 7,7% a aposentados e pensionistas aprovado pelo governo"
Luiza Rodrigues, economista do Santander

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