postado em 17/06/2010 08:13
Paris ; O poder econômico do mundo vai mudar nos próximos 20 anos. E trata-se de um processo irreversível. Segundo informou ontem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 países ; quase todos, ricos ;, até 2030, cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta estará concentrado nas nações em desenvolvimento, sob a liderança do Brasil, da China e da Índia. Esse quadro será, na avaliação da entidade, resultado de uma ;transformação estrutural de importância histórica;.Em 2000, os países emergentes ; que não integram a OCDE ; respondiam por 40% do total das riquezas produzidas pelo mundo, participação que chegará a 57% em 20 anos, conforme o estudo Perspectivas sobre o desenvolvimento mundial 2010: riqueza em transformação. Para o OCDE, ;o rápido crescimento das economias em desenvolvimento levou a uma reacomodação do poder econômico; e deu lugar a uma ;nova geografia do crescimento mundial;.
Esse movimento foi acelerado pela atual crise financeira, que solapou os países ricos, enquanto as economias emergentes passaram quase incólumes. Neste ano, por exemplo, o Brasil crescerá até 8%, a Índia avançará aproximadamente 9% e a China, mais de 10%. Na Europa, que está atolada em dívidas, vários países terão queda no PIB ou estagnação.
;O centro de gravidade econômica do planeta se deslocou para o Oriente e o Sul, de membros da OCDE para as economias emergentes. É o que se chama de riqueza em transformação;, destacou a Organização. Um exemplo claro dessa ;transformação estrutural; foi a conversão da China, em 2009, no principal sócio comercial do Brasil, da Índia e da África do Sul.
Negociações
No entender da OCDE, a futura estrutura econômica implicará mudanças na hora de fixar a agenda internacional. ;A nova configuração do poder mundial econômico e político significa que os países ricos já não podem fixar sozinhos as agendas. Ou seja, o novo esquema de governabilidade global terá de refletir as realidades econômicas em transformação;, ressaltou. Essa realidade já começa a se esboçar por meio do G-20, grupo que reúne as 19 potências industriais e emergentes mais a União Europeia, que ganhou relevância desde a explosão da bolha imobiliária dos Estados Unidos em 2008.
Essa nova configuração também incidirá nas negociações internacionais, pois poderá ;incorporar espaço para novas coalizões estratégicas entre os países em desenvolvimento;. Por isso, segundo o secretário-geral da OCDE, o mexicano Angel Gurría, o fenômeno da ;riqueza em transformação; deveria ser visto como ;uma oportunidade para que a economia mundial passe para uma velocidade superior;.
Ele destacou ainda que o novo mapa da economia mundial coloca em evidência a intensificação da interação entre os gigantes emergentes e os países pobres, que a OCDE resume na ;crescente importância do sul para o sul;, uma tendência que possivelmente continuará. Se, entre 1990 e 2008, o comércio mundial quadruplicou, no Sul-Sul cresceu mais de 10 dez vezes. Mas, apesar de todo o avanço, a OCDE alertou que os países em desenvolvimento terão de agir de forma contundente para reduzir a pobreza e a desigualdade.
EUROPA AINDA ESTÁ DEBILITADA
Os sinais de debilidade da economia da Zona do Euro ainda são evidentes, mas, segundo Guy Quaden, integrante do Banco Central Europeu (BCE), já se pode perceber uma modesta recuperação econômica na região. Ele ressaltou que os países europeus enfrentam dois desafios: reduzir seus deficits fiscais e reforçar o crescimento, mas afirmou que uma volta à recessão não é o cenário mais provável. Na opinião de Quaden, Brasil, China e Índia estão alimentando a expansão global.