Agência France-Presse
postado em 21/06/2010 15:47
Le Monde, o mais famoso jornal francês, anunciou nesta segunda-feira (21/6) ter recebido duas ofertas de compra de investidores, em meio a uma polêmica sobre a intervenção do presidente Nicolas Sarkozy no caso.Le Monde procura um comprador que consiga recapitalizar um grupo fortemente endividado, com montantes estimados entre 80 milhões e 120 milhões de euros.
A primeira oferta associa o mecenas Pierre Bergé, o banqueiro Matthieu Pigasse e o presidente do operador Free da internet, Xavier Niel.
A segunda é constituída por Claude Perdriel, presidente da revista Nouvel Observateur, do operador France Télécom e do grupo espanhol Prisa (jornal El Pais).
Na corrida pelo Le Monde, cada um dos dois concorrentes tenta denegrir a oferta do adversário.
A compra do Le Monde tomou uma dimensão política com a revelação de que o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou que a oferta Bergé-Pigasse-Niel não era de todo desejável.
Alguns observadores veem também a mão da presidência francesa atrás do France Télécom, do qual o Estado possui 26%.
O presidente francês mantém uma relação complexa com a mídia, onde ele dispõe, ao mesmo tempo, de uma importante rede, com alguns donos dos meios entre seus amigos, apesar de ser alvo de numerosas críticas.
Pierre Bergé, que foi um dos apoios financeiros da campanha da socialista Ségol;ne Royal, que enfrentou Nicolas Sarkozy durante a eleição presidencial de 2007, considerou nesta segunda-feira que um jornal não existe "para responder às ordens do presidente da República".
"Estou surpreso de que Claude Perdriel por quem tenho muito respeito e admiração possa se aliar a um enviado do presidente da República num serviço encomendado. Se conseguirem, não dou muito pelo futuro do jornal Le Monde, nem pelo Monde.fr", disse Pierre Bergé à AFP.
Suas insinuações haviam sido respondidas por antecedência por Claude Perdriel: "Não tenho nenhum contacto com Nicolas Sarkozy" há dois anos, disse.
Claude Perdriel, que se orgulha de possuir 45 anos de experiência na imprensa e "um respeito absoluto pela independência de seus jornalistas" afirma temer que seus adversários "totalmente ignorantes do mundo da imprensa se comportem como aprendizes".
A direção de Le Monde precisou também, em comunicado, ter recebido, igualmente "manifestação de interesse" por parte do Grupo Revenu Multimédia (GRM).
Le Monde deve anunciar sua decisão no próximo 28 de junho.