postado em 22/06/2010 08:27
A Petrobras aumentou em quase 30% sua programação de investimentos para o período de cinco anos ; entre 2010 e 2014 ;, totalizando US$ 224 bilhões. O plano é US$ 50 bilhões maior que o anterior, de US$ 174,4 bilhões (2009-2013). A empresa estimou a necessidade de captar US$ 58 bilhões para fazer frente ao planejado ; no plano anterior essa exigência era de US$ 23 bilhões ;, informando ainda que neste montante já está incluída a operação de capitalização, que pode variar entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões. A estatal, no entanto, não detalhou quanto dessa captação viria da venda de ações ou de outras fontes.O anúncio do plano ocorre um dia antes de acionistas da companhia se reunirem em assembleia para aprovar um grande aumento de capital. A forte ênfase na atuação em águas profundas (incluindo o pré-sal), uma marca da empresa, se manteve no novo plano. Do total previsto, 95% serão aplicados no Brasil e apenas 5% no exterior, direcionados justamente para o Golfo (blocos Cascade, Chinook, Saint Malo e Tiber), para a Nigéria e o Peru.
Os investimentos na área de Exploração e Produção (E) passaram de 59% dos recursos totais na programação anterior para 53% agora, somando US$ 118,8 bilhões. Abastecimento, que inclui refino, subiu de 25% para 30% do total e prevê gastos de US$ 73,6 bilhões. A empresa informou que além da ampliação de unidades existentes, os recursos serão destinados à entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima (PE); as obras da refinaria Premium I e a primeira fase do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que ganhou mais uma refinaria com capacidade de produzir 165 mil barris de petróleo por dia (bpd) para produção principalmente de diesel. ;Com esses investimentos, a carga fresca processada no Brasil em 2014 será de 2,3 milhões bpd;, informou a Petrobras.
Etanol
O presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, afirmou que a estatal deverá crescer em produção de etanol através de aquisições. ;Tínhamos estratégia diferente, e mudamos. Era de greenfields (novas usinas) e hoje estamos revendo para crescimento de produção principalmente via aquisições;, disse Gabrielli. A Petrobras prevê investir US$ 3,5 bilhões em biocombustíveis (produção, logística e comercialização) até 2014, um aumento de mais de US$ 1 bilhão em relação ao plano anterior.
Ontem, a estatal anunciou um acordo com a São Martinho que permitirá a expansão do negócio da empresa em etanol para o Centro-Oeste, passando a atuar em uma região considerada nova fronteira para a cana. Há cerca de dois meses, a Petrobras firmou um acordo com a Açúcar Guarani, do grupo francês Tereos, com a estatal detendo na Guarani participação semelhante à fatia que terá em uma nova empresa formada com a São Martinho.
De acordo com Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível, braço de biocombustíveis da estatal, a estratégia de crescimento da petrolífera em etanol terá como base tanto as participações na Guarani quanto na nova empresa constituída com a São Martinho. A Petrobras tem uma estratégia de não ser majoritária em seus acordos de etanol, mas ter uma participação relevante.
Com suas parceiras, a Petrobras tem atualmente capacidade de processamento de 24 milhões de toneladas de cana, com previsão de produção de 890 milhões de litros de etanol na safra 2010/11. Esse volume deve mais que dobrar até 2014, para 2,6 bilhões de litros, segundo o novo plano de investimento da estatal. A estatal projeta ter entre 4% e 5% da produção de etanol do país daqui a cinco anos.
"Tínhamos estratégia diferente, e mudamos. Era de greenfields (novas usinas) e hoje estamos revendo para crescimento de produção principalmente via aquisições"
José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras
Menos refinarias fora
A Petrobras desistiu de comprar refinarias fora do Brasil ou expandir a capacidade das duas unidades que já possui no exterior. A empresa poderá ainda vender participações em blocos de exploração e produção pelo mundo, informou o diretor da área internacional da empresa, Jorge Zelada.
A empresa tem uma refinaria em Okinawa, no Japão, com capacidade para 100 mil barris diários de petróleo e outra do mesmo porte em Houston, nos Estados Unidos, chamada Pasadena. No novo Plano de Negócios para o período 2010-2014 da companhia, os recursos destinados à área internacional caíram para US$ 11,5 bilhões, dos US$ 16 bilhões do plano anterior ; 2009-2013.
;Nós fizemos vários estudos e entendemos que nesse momento é melhor deixar a refinaria como está. Vamos cuidar da gestão operacional e da segurança delas;, disse Zelada. Ele informou também que vai buscar a venda de participações em blocos internacionais, com o objetivo de reduzir o capital necessário para o desenvolvimento da produção externa. ;Nós temos a possibilidade de aumentar a participação de parceiros nos blocos para que a gente possa desenvolver projetos usando menos recursos próprios;, explicou.