Agência France-Presse
postado em 22/06/2010 13:08
A China cumpriu com sua promessa de flexibilizar seu sistema de câmbio, ao fixar nesta terça-feira (22/6) uma cotação de referência do iuan claramente em alta frente ao dólar, poucos dias antes do início da cúpula do G20 neste fim de semana em Toronto (Canadá).O Banco Central fixou esse valor em 6,7980 iuanes por dólar, contra 6,8275 de segunda-feira, o que representa uma alta do iuan de 0,43%.
Esta cotação representa o eixo em torno do qual a moeda chinesa flutua diariamente em comparação com o dólar, em um limite de mais ou menos 0,5%. Esse valor foi determinado pelo Banco Central, que advertiu no domingo que seguiria privilegiando a estabilidade da moeda.
Entretanto, a entidade havia assegurado também sua intenção de prosseguir com a reforma de seu tipo de câmbio e dar mais frexibilidade ao sistema.
O iuan também se viu reforçado nesta terça-feira ante o euro, a 8,3816 iuanes por um euro, contra 8,4825 na véspera. Fora do dólar, frente às outras moedas, a faixa de flutuação é de mais ou menos 3%.
Os sócios comerciais da China, em particular os Estados Unidos, intensificaram recentemente suas pressões a favor de uma revalorização do iuan, por considerar que está desvalorizado e que isso dá uma indevida vantagem comercial ao gigante asiático, que em 2009 ultrapassou a Alemanha como maior exportador mundial.
Para os analistas, a China cumpriu com suas promessas ainda que não esteja disposta a autorizar uma valorização muito forte de sua moeda, que afetaria negativamente seu setor exportador.
"A China respaldou suas palavras com ações e o presidente Hu (Jin Tao) chegará a Toronto com uma prova tangível de que seu país aborda seriamente a questão de uma maior flexibilidade dos tipos de câmbio", disse Brian Jackson, do Royal Bank of Canada.
Jackson prevê altas limitadas, ainda que importantes do iuan em comparação com o dólar nas próximas semanas.
Muitos analistas acreditaram que as declarações do Banco Central chinês tinham como objetivo acalmar os críticos antes da cúpula do G20, realizada nos idas 26 e 27 de junho.
As autoridades chinesas reiteraram nesta terça-feira sua negativa de que o assunto seja discutido neste encontro de potências industrializadas e emergentes.
"Em nenhuma das três cúpulas anteriores do G20 a agenda incluiu (discussões sobre) a moeda de um único país", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Qin Gang.
"No atual contexto, todas as partes deveriam contribuir para a reativação da economia mundial e para um crescimento robusto e equilibrado, em vez de entrar em um jogo de acusações e pressões", acrescentou.
Outros observadores interpretaram as declarações do Banco Central durante o fim de semana como um sinal de que o iuan poderia se valorizar novamente frente ao dólar, após dois anos de imobilidade.
Nesta terça-feira, no mercado interbancário, o iuan ganhou terreno antes de retroceder a 6,82 unidades por dólar, devido, segundo a agência Dow Jones Newswires, à uma forte demanda da moeda americana.
A agência citou conjecturas de que alguns bancos chineses foram encorajados pelo Banco Central a comprar dólares, com o objetivo de demonstrar que um tipo de câmbio mais flexível supõe movimentos cambiários em ambos os sentidos.
O certo é que o iuan se move desde segunda-feira quase no topo de sua faixa de oscilação, após as estreitas variações dos últimos anos.