postado em 23/06/2010 07:38
Acionistas da Petrobras abriram caminho para a megacapitalização da empresa ao aprovar ontem os novos limites para a emissão de ações e o aumento de 150% no capital da estatal, que poderá passar de R$ 60 bilhões paraR$ 150 bilhões. Reunidos em Assembleia Geral Extraordinária, os sócios confirmaram a elevação do número de ações preferenciais de 200 milhões para 2,4 bilhões e um limite de lançamento de 3,2 bilhões de papéis ordinários, que dão direito a voto. O próximo passo será a análise da operação pelo Conselho de Administração ; a ratificação será essencial para a viabilidade do programa de investimentos entre 2010 e 2014, que consumirá US$ 224 bilhões, a maior parte para a área de exploração e produção.
Segundo executivos da empresa, os novos limites autorizados não representam, necessariamente, o valor que a estatal pretende captar numa oferta de ações ao mercado, leilão a ser feito em meados de julho. A expectativa de analistas é de que os acionistas minoritários injetem pelo menos US$ 25 bilhões no caixa. A parcela do Tesouro Nacional, que controla a companhia, deve ser concedida na forma de reservas de petróleo em áreas não licitadas da camada do pré-sal, na modalidade conhecida como cessão onerosa. O teto aprovado na assembleia, entretanto, contempla uma eventual emissão adicional que a empresa decida fazer no prazo de até um ano.
Contribuição
;Qualquer que seja a área da cessão onerosa, ela vai levar de quatro a cinco anos para entrar em operação. Após 2014, essa contribuição pode ser importante. A cessão onerosa terá que ser analisada do ponto de visto do custo de aquisição das áreas, dos possíveis barris a serem produzidos;, afirmou ontem o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, numa teleconferência a investidores. Ele esclareceu que os investimentos da empresa nesses poços ficou fora do plano de negócios divulgado porque ;não há conclusão para a contratação de uma certificadora pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), que é requisito legal;. Também ainda falta acertar o valor dos barris na negociação com o governo.
Na teleconferência, Gabrielli foi perguntado se a previsão de preço médio de petróleo em torno de US$ 80, incluída no plano de negócios, não seria excessivamente otimista e se não teria como objetivo aumentar a projeção de fluxo de caixa da companhia, permitindo um maior endividamento. Ele negou. ;Se compararmos nossa curva de preço com a do mercado, estamos no terço inferior e abaixo das menores estimativas a partir de 2015;, disse. Em Nova York, o barril fechou ontem cotado em US$ 77,21, com queda de 0,78%.
IUAN SE VALORIZA UM POUCO MAIS
O Banco Popular da China (BPC) cumpriu a promessa de flexibilizar seu sistema de câmbio, ao fixar ontem uma cotação de referência do iuan em alta frente ao dólar, poucos dias antes do início da cúpula do G-20 (grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia), no próximo fim de semana, em Toronto, no Canadá. O BPC, banco central do país, fixou o valor da moeda norte-americana em 6,7980 iuanes, numa valorização de 0,43% em relação aos 6,8275 de segunda-feira. Essa cotação representa o eixo em torno do qual a divisa está autorizada a flutuar diariamente, numa banda de 0,5% para mais ou para menos. O iuan também se fortaleceu diante do euro, passando de 8,4825 para 8,3816. A medida é uma resposta às críticas dos concorrentes, em particular dos Estados Unidos, de que a ;excessiva desvalorização; do iuan dá uma vantagem indevida às exportações chinesas. A política cambial do gigante asiático deve ser um dos principais assuntos do encontro presidencial.
Dia de ressaca nas bolsas
Vera Batista
A Assembleia Geral Extraordinária da Petrobras aprovou o aumento de capital da estatal em meio a protestos de acionistas minoritários, que reclamaram da queda do valor dos papéis da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo. Ontem, após o anúncio, as ações ordinárias (com direito a voto) registraram queda de 2,32%. No ano, as perdas já chegam a 19,15%. As preferenciais caíram 0,99% e acumulam prejuízo de 19,49% em 2010. Para o economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, da Personale Investimentos, ;as reclamações são infundadas, porque bolsa de valores é um investimento de longo prazo e a manutenção dos papéis continua um bom negócio;.
Após o bom humor de segunda-feira, os investidores viveram um dia de ressaca. Constataram que a prometida desvalorização do iuan será lenta e acabaram cedendo às pressões dos indicadores estrangeiros. Por isso, após subir 1,55% e chegar aos 65.830 pontos, o Ibovespa acabou recuando e encerrou a sessão praticamente estável, com leve queda de 0,03% e 64.810 pontos.
Na avaliação de Laura Bartelli, analista da XP Investimentos, o pregão foi tenso. O mercado não gostou do rebaixamento da nota do banco francês BNP Paribas pela agência de classificação de risco Fitch. Além disso, o número de vendas de casas usadas nos Estados Unidos, em maio, de 5,66 milhões de imóveis, foi bem inferior às estimativas de 6,10 milhões. Ajudou a manter o clima ruim o anúncio de medidas para a redução da dívida pública japonesa, como a elevação do imposto sobre produtos e serviços, atualmente em 5%.
No vermelho
As bolsas de valores mundiais também despencaram. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,43%. Na Europa, todas as praças fecharam no vermelho, após quase duas semanas de valorização. Em Londres, o recuo foi de 0,98%. Em Frankfurt, de 0,38%. Em Paris, os negócios encolheram 0,82%, enquanto a baixa foi de 0,55% em Madri. As bolsas asiáticas seguiram a mesma tendência: Tóquio (-1,22%), Hong Kong (-0,45%) e Xangai (-0,47%).
O mercado de câmbio refletiu o súbito aumento de aversão ao risco. ;Acho que foi mais especulação. O dólar vinha caindo. Só reverteu a tendência no final da tarde quando saíram os dados das vendas de casas nos EUA;, destacou Mario Battistel, economista-chefe da Corretora Fair. Com isso, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,45%, cotada a R$ 1,782.