Ter mais dinheiro no bolso e disposição para gastá-lo não significa que o brasileiro se alimenta de maneira adequada e regular. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 constatou que 35,5% das famílias consideram a quantidade de alimento consumido ;normalmente insuficiente ou às vezes insuficiente;. Em outras palavras, comer ainda é um direito relativo no país que é considerado pela comunidade internacional a maior potência agrícola emergente do século 21.
No levantamento anterior, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2002 e 2003, a alimentação foi classificada como insuficiente por 46,7% das famílias entrevistadas. Do ponto de vista estatístico, a melhoria no cenário é evidente, mas quando se observam as realidades regionais a partir da renda das pessoas é possível perceber que os abismos insistem em privar uma parte da população de comer bem. Conforme o estudo, nas regiões Norte e Nordeste metade das famílias não estão satisfeitas com a quantidade de alimentos consumidos. Na Região Centro-Oeste, a taxa está em 39%, enquanto no Sul e no Sudeste registram-se patamares ao redor de 25%.
Em outra ponta, estados do país como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais indicaram alto grau de satisfação das famílias no que diz respeito à qualidade e à fartura da mesa. Conforme o IBGE, comida e renda estão intimamente relacionados, ou seja, onde há alto poder aquisitivo, a quantidade de comida consumida é grande. Ainda assim, itens como carnes, vísceras e pescados lideraram os gastos das famílias na média do país (21,9%), nas áreas urbanas (21,3%) e no campo (25,2%). Leites, derivados e panificados encerram a lista. Para 51,8% das famílias, no entanto, os alimentos consumidos nem sempre são os preferidos.
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