Economia

De olho na ficha técnica

Saiba mais sobre o consumo declarado pelas montadoras e o que fazer para economizar em condições normais de rodagem

postado em 24/06/2010 07:00


Pedro Cerqueira

Atenção com o que transportar no bagageiro de teto, por causa do arrasto aerodinâmico, que aumenta o consumo, assim como o excesso de pesoVocê é daqueles motoristas que ficam injuriados porque seu carro não consegue repetir, sob seu comando, os valores de consumo declarados pelos fabricantes? Caso a resposta seja afirmativa, o melhor é relaxar e esquecer essa façanha. Saiba que aqueles valores que vêm nas fichas técnicas dos carros são obtidos em laboratório, não em condições reais de rodagem.

Paulo Cesar Silva de Araújo, do Laboratório de Emissões da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), explica que as medições de consumo feitas por todos os fabricantes obedecem aos critérios da norma NBR 7024. No teste, o veículo funciona sobre um dinamômetro de rolo, usado para simular as condições previstas na norma e os ciclos urbano e rodoviário.

O responsável operacional do laboratório explica que é praticamente impossível você alcançar esse desempenho porque as condições do teste são extremamente favoráveis: o dinamômetro simula um circuito plano, ao nível do mar, com temperatura, umidade e pressão constantes. Mas, de acordo com Paulo, como se trata de um teste padrão (todos os motores são testados sob as mesmas condições) a comparação entre esses valores é legítima.
[SAIBAMAIS]
Mas o motorista pode dar sua contribuição observando alguns detalhes no estilo de dirigir que podem fazer a diferença para a economia de combustível. Para Paulo, a melhor dica para reduzir o consumo é ficar de olho no conta-giros e consultar no manual do proprietário qual é o regime de torque do motor. Na subida, o ideal é usar uma rotação mais alta para evitar a troca de marcha e a consequente queda do rendimento do motor. No plano, o interessante é manter as rotações baixas, trocando a marcha até os 2 mil rpm. Na descida, é melhor aproveitar o freio motor para não desgastar o sistema de freios. Use a mesma marcha necessária para subir, porque sem aceleração o consumo será mínimo.

Emissão
Outra dica é acelerar o carro suavemente. A central eletrônica está programada para injetar o tanto de combustível adequado para atingir limites satisfatórios de emissão e economia de combustível. Quando o condutor afunda o pé de uma vez, essa central interpreta que o veículo está numa situação de emergência (como uma ultrapassagem) e injeta muito combustível, sem se preocupar com o consumo.

Outra questão que pode contribuir muito com a economia de combustível é manter a manutenção do veículo em dia. José Palácio, coordenador de serviços do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), cita um estudo feito pela Petrobras que prova isso: um veículo que roda com as velas gastas apresenta um consumo 7,49% maior do que um veículo em boas condições; andando com o filtro de ar obstruído esse carro gastou 6,2% mais combustível; com pneu murcho (6 libras a menos) gasta-se 17,8% mais.

Como já foi dito, alguns hábitos podem comprometer a economia. O mesmo estudo mostra que quem roda na banguela gasta 5,19% mais combustível e pastilhas, discos e lonas terão maior desgaste. Rodar com as janelas abertas implica em 9,35% a mais de consumo. Outras coisas que podem interferir nesse aspecto são o uso do ar-condicionado na temperatura mais baixa, andar com peso morto (como tralhas e ferramentas), acelerar para subir o giro no momento da troca de marcha e direção desalinhada.

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