Economia

Argentina dá mais um passo para se livrar do estigma do calote no pagamento dos títulos públicos

Tesouro do país conclui a segunda parcela de renegociação dos títulos que sofreram o calote de 2001, no total de US$ 90 bilhões. Adesão dos investidores deixa autoridades otimistas

postado em 24/06/2010 07:20
O governo argentino deu ontem mais um passo para se livrar do estigma do calote no pagamento dos títulos públicos, dado em 2001, no valor de US$ 90 bilhões. O Tesouro do país conseguiu uma aceitação de 66% na segunda etapa da operação de troca dos papéis e acredita que esteja se aproximando de uma saída para a maior moratória de sua história. ;Ingressaram nessa fase US$ 12,067 bilhões, o que implica uma adesão muito superior às nossas expectativas;, afirmou ontem o ministro da Economia, Amado Boudou. A estimativa era de que a permuta de dívida velha por nova chegasse a 60% do valor incluído na transação.

Segundo cálculo apresentado por Boudou, somado à primeira etapa da negociação, feita ainda em 2005 durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007), o movimento encerrado ontem atingiu um total de 92,4% do valor dos títulos do calote. Na segunda parcela, o volume chegou a US$ 30 bilhões, dos quais US$ 20 bilhões correspondiam ao principal dos débitos e os restantes US$ 10 bilhões, aos juros embutidos na venda dos papéis. Em solenidade na Casa Rosada, a presidenta Cristina Kirchner se mostrou contente com os resultados. ;Hoje (ontem) deveria ser declarado o dia do desendividamento;, disse.

Ao anunciar os números, Boudou afirmou que o governo está ;otimista para fechar definitivamente; a arrastada renegociação do endividamento, que deixou a Argentina fora dos mercados internacionais. Segundo o ministro, a operação não será reaberta. ;Uma porção muito pequena dos credores foi hostil à proposta da Argentina;, disse. Os principais detentores de bônus que preferiram não negociar são os ;fundos abutres;, que compraram os papéis a baixíssimos preços quando a moratória foi declarada. Eles reúnem, em conjunto, cerca de US$ 4,5 bilhões em títulos argentinos.

De acordo com os dados do Tesouro, nessa etapa, ingressaram na operação 100% dos detentores majoritários que tinham títulos argentinos inadimplentes e em torno de 112 mil investidores do segmento minoritário. A média de negociação foi de US$ 22,3 mil. Os credores se concentram nos Estados Unidos, na Itália, em Luxemburgo, na França, no Japão e na Alemanha.

O país ainda tem débitos de US$ 7,5 bilhões com o Clube de Paris, grupo formado por 19 países ricos, como Estados Unidos, Japão e nações europeias. Por enquanto, não haverá negociação com esses credores. ;Vamos trabalhar para resolver a dívida com o Clube de Paris. Mas buscaremos o momento que for mais conveniente;, enfatizou Boudou.

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