Economia

Brasil: países europeus fazem ajustes drásticos "às custas" de emergentes

Agência France-Presse
postado em 26/06/2010 19:14

TORONTO - O Brasil alertou, neste sábado (26/6), que os planos dos países europeus de realizar ajustes fiscais drásticos afetarão gravemente as economias dos países emergentes, abrindo uma nova frente na disputa sobre como manter nos trilhos a recuperação econômica mundial.

Os ajustes "devem ser realistas e não inibir o crescimento", disse Mantega durante entrevista coletiva.

"Se (os ajustes) ocorrerem em países avançados, pior ainda, porque estes países, ao invés de estimular o crescimento, prestam mais atenção no ajuste fiscal, e se são exportadores, estarão fazendo o ajuste às nossas custas", sentenciou.

Os países desenvolvidos em crise apostam, assim, em "ocupar os mercados dos emergentes que estão crescendo mais", acrescentou.

"Os países avançados exportadores não devem fazer ajustes fiscais muito severos que não estimulem seu consumo doméstico", pois "isto joga nos ombros dos emergentes a responsabilidade da reativação" econômica mundial, insistiu Mantega, chefe da delegação brasileira.

Mantega lidera a delegação brasileira, devido à ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na sexta-feira cancelou a viagem a Toronto por causa das inundações no nordeste brasileiro.

Os cortes orçamentários, o problema do déficit e os desequilíbrios na economia mundial são temas que serão abordados na quarta cúpula do G20 em Toronto (Canadá).

O ministro concordou que para se ter uma economia mundial "mais equilibrada", os emergentes têm que reduzir seu superávit comercial.

"Mas não podemos deixar que os emergentes tenham déficits de contas correntes (prolongados) que beneficiem os países avançados", explicou.

Os duros ajustes preconizados pelas maiores economias européias, começando pela Alemanha, o segundo maior exportador mundial, depois da China, criaram fortes dissensões nas estratégias de saída da crise. Os Estados Unidos, que optaram por manter políticas estatais expansionistas, foram dos críticos mais duros.

"Os Estados Unidos estão em uma posição similar à dos emergentes", afirmou Mantega.

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