postado em 27/06/2010 11:28
Determinado a ampliar o espaço nas discussões econômicas mundiais, o Brasil assumirá neste domingo (27/6), no encerramento da reunião de cúpula do G20 (grupo que reúne os países mais ricos e alguns em desenvolvimento), opiniões divergentes das defendidas por Estados Unidos e União Europeia. Como os norte-americanos, o governo brasileiro prega que a crise econômica seja combatida com corte de gastos, desde que não se restrinjam as medidas de estímulo à retomada do crescimento. Ao contrário de Estados Unidos e Europa, o Brasil não quer a taxação dos bancos e espera a reformulação do Fundo Monetário Internacional (FMI).Representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos debates, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou ontem (26) duramente a possibilidade de os países ricos adotarem medidas que prejudiquem os emergentes, com restrições às relações comerciais. ;Eu concordo em reduzir superávits, mas não aceito que os países tenham déficit em transações correntes;, disse ele.
Segundo o ministro, é possível consolidar o setor financeiro com corte de gastos públicos e adoção de políticas de estímulo ao consumo. De acordo com Mantega, o Brasil é ;bastante assertivo; nesta defesa e não aceita recuos. ;Em relação a este aspecto, os Estados Unidos estão numa posição semelhante a dos países emergentes;, disse.
Para o ministro, é fundamental ainda aprovar um calendário definindo prazos para a reforma do sistema financeiro internacional. De acordo com o governo brasileiro, há um desequilíbrio entre o que o Brasil representa e o poder de voto que tem no Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma das alternativas é que a reforma no FMI siga o modelo adotado pelo Banco Mundial que, pelas novas regras, dá aos emergentes um aumento de 3,13 pontos percentuais no poder de voto, totalizando 47,19%.
No entanto, Mantega admitiu que a reforma em si deve demorar para ser executada. De acordo com o ministro, deve levar, pelo menos, dois anos até a conclusão das eventuais mudanças na regulação do sistema. Mas a disposição deve ser definida hoje e confirmada em novembro, em uma nova rodada de negociações.
Na declaração final que será divulgada hoje, o G20 deverá recomendar a taxação dos bancos, mas nenhum dos países do grupo é obrigado a seguir. O Brasil integra a ala dos países contrários à medida.
Mantega disse que a proposta não corresponde às necessidades brasileiras porque, anteriormente, já foram adotadas medidas neste sentido, como a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). ;Além disso, os bancos brasileiros não apresentaram problemas. Não cabe uma taxa única para o setor;, afirmou.