Economia

G20: ricos deverão reduzir déficis e emergentes, flexibilizar suas moedas

Agência France-Presse
postado em 27/06/2010 15:27
TORONTO - Os países emergentes com superávit deverão assumir reformas destinadas a flexibilizar suas moedas; já os países ricos que enfrentam problemas fiscais deverão comprometer-se a reduzir seus déficits pela metade até 2013, apesar do risco de a medida representar uma desaceleração econômica, diz o rascunho do comunicado final da reunião de cúpula do G20 (grupo das principais economias avançadas e em desenvolvimento), obtido pela AFP neste domingo (27/6).

As economias avançadas comprometeram-se com planos fiscais que vão pelo menos reduzir pela metade os déficits até 2013 e estabilizar ou reduzir a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto) até 2016", ao final da reunião de dois dias em Toronto, no Canadá.

A chanceler alemã, Angela Merkel, demonstrou satisfação com o compromisso.

"Significa que será preciso equilibrar as contas para enfrentar a dívida", resumiu.

No entanto, o debate sobre a reforma da regulação financeira e a taxação sobre transações financeiras foi adiado para a próxima reunião de cúpula em Seúl, em novembro.

A crise de déficit e a velocidade da retirada das medidas de estímulo, assim como o tamanho do corte de gastos em alguns países, especialmente da Europa, esteve no centro dos debates em Toronto.

A reforma financeira vem sendo discutida desde encontros anteriores do G20 com o objetivo de tornar o sistema financeiro mais transparente e evitar que se sucedam novas crises econômicas globais como a de 2008.

"Comprometemo-nos a realizar ações coordenadas para sustentar um crescimento mais forte e equilibrado", diz o projeto de declaração, que também defende a criação de emprego.

As ações, no entanto, "serão diferentes e ajustadas às circunstâncias nacionais", reconhecem líderes das nações mais industrializadas e emergentes.

Os europeus, atingidos por crises de déficit orçamentário e dívida pública, defendem as medidas de austeridade adotadas por vários países para colocar suas contas em dia.

A declaração se produz uma semana depois de a China anunciar a intenção de flexibilizar seu regime cambial, tirando o iuane da cotação invariável que mantinha ante o dólar há quase dois anos.

No sábado, o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, havia dito que os países emergentes não devem "carregar nas costas" a retomada do crescimento mundial e que, ao ter pressa em retirar estímulos e implementar políticas de ajuste fiscal, alguns países, como os europeus, colocam em risco a consolidação da recuperação da economia global.

Mantega lidera a delegação brasileira na cúpula, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou sua participação para acompanhar os esforços de ajuda às vítimas das chuvas no nordeste do Brasil.

Assim como o Brasil, os Estados Unidos e outros países temem que a retirada prematura das medidas de estímulo possa colocar em risco a recuperação global.

Segundo o ministro, o Brasil não teria problema em cumprir metas de redução do déficit, mas países como o Japão, com déficits altos, enfrentariam dificuldades.

A reunião de cúpula motivou protestos nas ruas de Toronto. Foram 480 pessoas detidas no final de semana, segundo a polícia.

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