Economia

G-20 termina em dilema

Ajustar as contas públicas sem comprometer o crescimento e reduzir o risco bancário sem sufocar o crédito é o dever de casa

postado em 28/06/2010 08:06
Toronto, Canadá ; Os líderes mundiais dos países do G-20, que congrega os países mais desenvolvidos do mundo além dos emergentes , têm uma díficil missão pela frente: mostrar que é possível reduzir pela metade o deficit (1)orçamentário até 2013 sem impedir o crescimento e impor restrições ao risco bancário sem sufocar os empréstimos.

;Essa é a corda bamba que temos que atravessar;, admitiu o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper. ;Para apoiar a recuperação, é indispensável seguir em frente com os planos de estímulo existentes, mas, ao mesmo tempo, países desenvolvidos devem enviar uma mensagem clara de que à medida que nossos planos de estímulo chegarem ao fim, vamos nos concentrar em colocar nossas finanças em ordem;, declarou.

Progresso
Equilíbrio foi a palavra do momento na reunião do grupo. O G-20 também estava preocupado em demonstrar o progresso obtido e, dessa forma, cumprir a promessa feita em setembro de reequilibrar a economia global. Isso, no entendimento de analistas que acompanharam o encontro, quer dizer que nações que dependem de suas exportações, como a China e a Alemanha, precisam olhar para si mesmas e países endividados, inclusive os EUA, têm que mudar sua maneira de contrair e gastar empréstimos.

Diante da posição chinesa pela não ingerência do grupo na sua política econômica interna, fontes garantiram que não haveria nenhuma referência à moeda chinesa, o iuan, na declaração final do encontro. ;A maioria dos membros do G-20 recebeu bem os planos do governo da China de introduzir o câmbio flutuante para o iuan;, disse Andrei Bokarev, um alto funcionário do Departamento de Finanças da Rússia. ;Mas essa frase não constará no comunicado final, atendendo a um pedido dos chineses;, observou.

Esta foi a quarta vez que o presidente dos EUA, Barack Obama, o presidente da China, Hu Jintao e líderes das outras potências econômicas do G-20 se reuniram desde que a crise financeira de 2008 trouxe temores de uma nova Grande Depressão. No ano passado, o G-20 concordou em jogar trilhões de dólares na batalha contra a recessão. Desde então, o grupo se tornou o principal fórum para coordenar as ações destinadas a vencer os desafios econômicos globais.

;A economia mundial está se recuperando aos poucos, mas as bases dessa recuperação ainda não estão sólidas. O processo não está equilibrado e ainda existem muitas incertezas;, disse Hu Jintao.

Com um crescimento lento em muitos países desenvolvidos, Washington teme que o esforço da Europa para reduzir a dívida pós-recessão possa atrapalhar a recuperação, uma preocupação demonstrada por outros líderes do G-20, inclusive pelo primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que entende a pressão feita para colocar as finanças públicas de volta num caminho sustentável, mas pediu aos líderes que se lembrem de quem paga o ônus. ;Nós não devemos equilibrar o orçamento às custas das pessoas mais pobres do mundo;, alertou Ban Ki-moon.


1 - Europa deve resolver dívida
A Europa precisa resolver sua crise de dívida para que não prejudique a já irregular recuperação econômica mundial, que está sendo liderada pela China e pelas economias emergentes, concluíram os representantes dos bancos centrais de todo o mundo. As autoridades que participaram da reunião anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS) estão confiantes de que a economia mundial está se recuperando graças à ampla liquidez colocada pelos governos. Mas o ritmo da retomada difere. A Europa é a principal fraqueza.

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