Vera Batista
postado em 01/07/2010 08:22
O processo de oferta pública de ações do Banco do Brasil provocou uma reviravolta na cotação da instituição na Bolsa de Valores de São Paulo (BM). Apenas no pregão de ontem, em meio à ansiedade do mercado pela definição do preço de lançamento, as ações ON (com direito a voto e objeto das negociações) caíram 3,33% e movimentaram R$ 307 milhões. Nos últimos sete dias, os papéis acumulam perdas de 11,04%. E no ano, o prejuízo já é de 12,50%. Essa rasteira, segundo analistas, foi uma pressão natural em momentos como este, mas que não chegou a prejudicar o processo.A princípio, os acionistas minoritários são os maiores prejudicados. ;Quando há lançamento de ações, os títulos que estão sendo negociados tendem a cair, procurando um preço próximo daquele que será ofertado. É um baque e tanto para os pequenos. Porém, a longo prazo, é quase certo que as cotações se ajustarão;, analisa Sérgio Quintella, diretor da Valore Investimentos Personalizados.
Funcionários
A expectativa do mercado, tomando por base o fechamento de ontem, de R$ 24,65, é de que o valor definido para a oferta pública se situará em R$ 25,00 e a operação deverá somar entre R$ 10 bilhões e R$ 11 bilhões. É esse dinheiro que entrará no caixa do BB para ampliar a sua capacidade de empréstimos.
Serão ofertadas 356.849.660 ações ordinárias, sendo que os 286 milhões em oferta primária (novas ações). As outras 70.849.660 ações pertencem à BNDES Participações (BNDESpar). Depois de atendidos os atuais acionistas, o pequeno investidor poderá participar da oferta com, no mínimo, R$ 200, por meio de aplicações em cotas de um fundo administrado pelo BB. Ou com R$ 1 mil pela compra direta de papéis.
Os funcionários do Banco do Brasil também poderão participar do processo. A eles foi dedicada uma fatia de 10% da oferta de varejo, com valor mínimo de aplicação de R$ 1 mil. O banco criou, para seus empregados, um plano que facilita a compra de ações.
PROTEÇÃO PARA OS MINORITÁRIOS
; Sob a batuta da BM, um novo órgão de autorregulação vai surgir no mercado de capitais até o final deste ano para tentar evitar que acionistas minoritários levem a pior em relação aos controladores em operações envolvendo mudanças na estrutura societária de empresas abertas. Batizado como Comitê de Fusões e Aquisições, o organismo está sendo desenhado como uma espécie de conselho consultivo, que poderá ter poder de veto em transações como ofertas de recompra de ações (OPA), troca de controle e incorporações, se estas forem consideradas lesivas aos pequenos acionistas. ;A lei não oferece um sistema de proteção suficiente para os minoritários e houve muitas operações polêmicas nos últimos tempos;, disse Nelson Eizirik, sócio do escritório de advocacia Carvalhosa e Eizirik Advogados e coordenador do projeto da bolsa paulista.