Economia

FMI vê salto de 7,1% no Brasil

Entidade revê para cima crescimento mundial, mas alerta para perigos provocados pelas turbulências financeiras e redução do comércio

postado em 09/07/2010 07:15
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou de 4% para 4,6% sua perspectiva de crescimento mundial para 2010 e descartou a possibilidade de uma nova recessão mundial, mas advertiu que a pressão criada pela dívida pública nos países europeus pode gerar desequilíbrios financeiros. O Fundo também revisou para cima o crescimento do Brasil, que ficou em 7,1%.

;Quando prevemos que a recuperação vai continuar, fica claro, por outro lado, que os riscos também aumentaram acentuadamente;, disse Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI.

Olivier Blanchard diz que a recuperação continua, mas houve aumento acentuado dos riscosEmbora em 2010 o mundo esteja crescendo mais do que o previsto inicialmente, a instituição manteve em 4,3% a projeção para 2011. Para a entidade, o crescimento mundial continuará sendo sustentado em médio prazo pelos países emergentes, principalmente na Ásia e na América Latina, que crescerá 4,8% (4% pelo prognóstico anterior) em 2010 e 4%, sem variações, em 2011. O Brasil terá um crescimento de 7,1% em 2010 (5,9%) e o México de 4,5% (4,2%).

Reviravolta
O estudo Perspectivas da Economia Mundial mostra que o primeiro semestre de 2010 foi melhor que o previsto. No entanto, ;os riscos, que estavam em baixa, aumentaram drasticamente em meio ao ressurgimento das turbulências financeiras;, disse o documento. ;Nesse contexto, os novos prognósticos dependem da implementação de políticas orientadas a restabelecer a confiança e a estabilidade, particularmente na Zona do Euro;, acrescentou.

;As medidas de política econômica aplicadas pelas economias avançadas deveriam centrar-se numa consolidação fiscal que inspire confiança;, recomendou o estudo. Os temores de um não pagamento da dívida por parte de algum dos países europeus com piores taxas de crescimento, principalmente a Grécia, Espanha ou Portugal, não se dissipam, apesar do apoio dos sócios mais importantes da Zona do Euro e do fundo de ajuda organizado pelo FMI.

;A oferta de crédito bancário poderá se reduzir devido à maior incerteza sobre a exposição do setor financeiro ao risco soberano, assim como ao aumento dos custos do financiamento, especialmente na Europa;, previu os economistas. Apesar de ser partidário da austeridade, o Fundo reconhece também que ;a consolidação fiscal poderá reduzir a demanda interna;.

Deficit menor
De acordo com o documento, a redução dos deficits públicos empreendida pelos países europeus reduzirá em 0,25 ponto percentual o crescimento nessa região em 2011. A Zona do Euro crescerá 1% em 2010 (sem mudanças) e 1,3% em 2011 (0,25 ponto percentual a menos).

Esse desempenho ruim arrastará para baixo o crescimento nos Estados Unidos, previsto para 3,3% em 2010 (3,1%) e 2,9% em 2011 (2,6%), explicou o Fundo. ;Os efeitos de contágio de um crescimento negativo em relação a outros países e regiões poderão ser importantes devido aos vínculos comerciais e financeiros;, ressaltou o estudo.

;Os riscos em baixa se acentuaram drasticamente. No curto prazo, o principal risco é uma escalada das tensões e o contágio financeiro;, trouxe o documento. ;Também existem riscos derivados da incerteza em relação às reformas regulatórias e seu impacto potencial no crédito bancário e na atividade econômica em geral.;

EUA precisam ajustar contas
O FMI pediu aos Estados Unidos que conduzam seu deficit orçamentário por um caminho sustentável, que não prejudique sua recuperação econômica. ;O desafio principal é desenvolver uma estratégia fiscal confiável para assegurar que a dívida pública seja levada ; e vista como levada ; por um caminho sustentável sem colocar em risco a recuperação;, afirmou o FMI em seu relatório. A instituição prevê um crescimento para os EUA de 3,3% em 2010 e 2,9% em 2011, e depois um crescimento entre 2,6% e 2,8% a cada ano entre 2012 e 2015.

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