Economia

8.864 vagas em jogo

Apesar das limitações da lei eleitoral, 36 órgãos públicos estão com concursos abertos em todo o país. Salários chegam a R$ 21,7 mil por mês

postado em 12/07/2010 07:20
A corrida eleitoral está a todo vapor, mas pouco muda na rotina dos candidatos a uma vaga no serviço público. Segundo levantamento elaborado pelo Correio, somente nas esferas federal e estadual, 36 órgãos estão com seleções abertas para preencher 8.864 vagas, mais cadastro reserva para postos de todos os níveis de escolaridade. A expectativa, contudo, é de que os contratados totalizem 12 mil, já que a todo momento os órgãos precisam substituir servidores que largam o emprego, seja por pedido de demissão, seja por aposentadoria ou morte. Isso, sem contar os novos editais que deverão ser lançados até o fim do ano. Os salários chegam a R$ 21,7 mil.

O presidente da Associação Nacional de Proteção aos Concursos (Anpac) e da Vestcon, Ernani Pimentel, explica que, durante o período eleitoral, as convocações estão suspensas. Os aprovados em cargos do Legislativo e Executivo terão de esperar o próximo ano para tomar posse. Só podem contratar, no segundo semestre, os órgãos que homologaram os aprovados até o último dia 3, data que marcou exatamente três meses de antecedência do pleito. Daí a corrida pela homologação(1) observada no mês passado. ;As unidades podem continuar a fazer concursos normalmente. Em média, além dos novos cargos autorizados, são abertas 300 mil vagas por ano em todas as esferas só para substituir servidores aposentados, mortes e pedidos de demissão;, diz Pimentel.

Clique para ampliarO coordenador do Siga Concursos, Carlos Alberto De Lucca, observa que estão livres de impedimento seleções do Judiciário, Ministério Público da União (MPU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Presidência da República. Dessa forma, aprovados em certames como o do MPU, com oferta de 594 vagas mais cadastro reserva para cargos de níveis médio e superior, poderão ser nomeados assim que for divulgado o resultado, mesmo que isso ocorra até o fim do ano. ;É permitida, por exemplo, a realização de provas um fim de semana antes ou depois das eleições;, explica.

A matemática Aline Pereira Neves, 23 anos, aproveita o período eleitoral para retomar a vida de concurseira. Servidora técnica do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), agora quer ser aprovada como analista, motivada pelo salário mais alto. A candidata pretende estudar no período da manhã, trabalhar à tarde e assistir aulas à noite. ;Quero ingressar no MPU, mas não descarto participar de outras seleções;, diz. A universitária Maria Angélica da Rocha, 24, está em ritmo ainda mais intenso. ;Estudo das 8h às 23h. As eleições não mudam minha rotina. Eu me preparo há um ano e, agora, estou revisando as disciplinas;, conta.

Na expectativa
Um dos certames mais esperados para o segundo semestre é o da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que deve lançar edital com 80 vagas de níveis médio e superior até setembro. Todas as chances serão para Brasília. O salário previsto varia de R$ 4,2 mil a R$ 10,2 mil. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também planeja abrir concurso com 850 chances de níveis médio e superior até o fim do ano. Dessas, 700 estão autorizadas e outras 150 ainda dependem do aval do Ministério do Planejamento. Outras seleções aguardadas em 2010 são as do Ministério do Turismo, com expectativa de 112 vagas; Instituto Brasileiro do Turismo, 84 vagas; e Superior Tribunal Militar (STM), 132 vagas. Na esfera local, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal deve lançar, em agosto, edital com 356 vagas de nível superior, divididas em 310 para soldado e 46 para oficial.

A Polícia Federal, por sua vez, aguarda autorização para abrir seleção com 496 vagas. Dessas, 116 serão para papiloscopista e 380 para agente administrativo. Os salários são de R$ 7.514,33 e R$ 2.889,97, respectivamente. Chefe de Recursos Humanos da PF, o delegado Jorgeval Silva Costa adianta que também há no Planejamento um pedido para a criação de 3 mil postos. ;Temos uma carência de servidores da área administrativa na PF;, diz. O dono do Grancursos, Wilson Granjeiro, destaca ainda a expectativa dos estudantes em relação aos concursos no âmbito do governo local, como o do Tribunal de Justiça do DF e o da Câmara Legislativa. ;Basta lembrar que nos anos eleitorais de 2002 e 2006 também houve fartura de concursos;, assinala.

Dicas de estudo
Com tantas opções à vista, a dica do coordenador do Siga para os candidatos é a de se concentrarem os estudos nas disciplinas básicas enquanto os editais não forem publicados. Entre elas estão direito constitucional, direito administrativo e português. ;Isso ajuda a prevenir frustrações com as mudanças que geralmente ocorrem de um edital para outro. Foi o caso do MPU, que cortou a exigência, por exemplo, de raciocínio lógico e matemática.;

Ele sugere que os candidatos mantenham, no máximo, oito horas diárias de estudo. A estudante Adriana Nogueira, 31 anos, entretanto, organizou o próprio plano de aprendizado.

;A cada semana, reviso uma disciplina. Estudo o dia inteiro;. Para os que trabalham e estudam ao mesmo tempo, a recomendação é reservar pelo menos o domingo para descansar. Segundo De Lucca, depois que sai o edital, aí sim, o candidato pode dedicar o máximo de horas possível ao estudo, mas durante a semana que antecede o grande dia, o melhor é descansar.

1 - Em cima da hora
Entre 21 de junho e o último dia 3, pelo menos 20 órgãos garantiram a possibilidade de nomear 6.655 funcionários este ano. A pressa teve um motivo. Segundo a legislação eleitoral, quem não divulgasse a lista de classificados até aquela data só poderia contratar os selecionados em 2011. De acordo com as normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o impedimento é válido para os locais onde os cargos sejam influenciados pela disputa durante as eleições. Entre as instituições que publicaram as listas em cima da hora, destacam-se o Banco Central, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério do Trabalho.

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