Economia

Enquanto o mercado fecha consenso em relação ao fim da alta da Selic, BC e Fazenda duelam

postado em 13/07/2010 07:40
O ciclo de alta dos juros, atualmente em curso, deve se encerrar em outubro, dando um pouco de fôlego aos brasileiros para as compras de fim de ano. Esse é o consenso que se formou entre os profissionais do mercado financeiro e que se tornou evidente na pesquisa Focus divulgada ontem pelo Banco Central (BC). A mediana das estimativas para a Selic ; a taxa básica de juros ; no fim do ano caiu de 12,13% para 12%, demonstrando que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter o mesmo nível na última reunião do ano, em dezembro.

Esse consenso, no entanto, não existe no governo. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o ritmo da atividade econômica se desacelerando, como já estariam sinalizando alguns indicadores, e com a inflação perdendo a força, não será necessário aumentar os juros muito além de 11% neste ano. Já o presidente do BC, Henrique Meirelles, ainda não está convencido de que o desempenho da economia permitirá um refresco nos juros para animar o Natal dos brasileiros.

Atualmente, a taxa Selic está em 10,25% ao ano ; subiu 1,5 ponto percentual desde março ; e a expectativa dos analistas é de que, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para os dias 20 e 21 deste mês, os juros sejam ajustados para 11% ao ano. No encontro de setembro, a taxa deve subir mais 0,75 ponto, chegando a 11,75%. E, em outubro, alcançaria os 12% que o mercado está projetando. Em dezembro, os juros ficariam estáveis. Para o fim de 2011, a previsão é de Selic de 11,75%.

Custo de vida
A taxa básica de juros é um instrumento usado pelo BC para controlar a inflação. Quando a instituição considera que a economia está aquecida e a trajetória de inflação é de alta, eleva a Selic. O BC tem que perseguir uma meta de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Essa meta é válida para este ano e para 2011. Para os analistas, o IPCA no fim de 2010 deverá ficar em 5,45% ; até a semana passada as projeções eram de 5,55%. Em 2011, os analistas esperam que a inflação oficial chegue a 4,80%, a mesma estimativa anterior.

A expectativa dos analistas para os preços administrados permaneceu em 3,60%, em 2010, e caiu de 4,80% para 4,78%, em 2011. Os preços administrados são aqueles cobrados por serviços monitorados, como combustíveis, energia elétrica, telefonia, medicamentos, água, educação, saneamento, transporte urbano coletivo, entre outros.

; Importação de carro
Victor Martins

O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores de carros do mundo, está perdendo espaço no seu mercado principal, o doméstico. O licenciamento de importados cresceu 35% no primeiro semestre enquanto o de veículos nacionais apenas 9%. Com a economia europeia na corda bamba e a norte-americana se recuperando, as montadoras direcionaram seus esforços para as nações emergentes e os resultados já podem ser observados, ao menos no Brasil. De todos os carros que foram liberados para rodar nas vias do país neste primeiro semestre, 17,9% deles vieram do exterior. Em 2008, esse número estava em 13,3%.

;Nossa maior preocupação no momento é como aumentar a competitividade (1) da indústria automotiva brasileira. Queremos saber como voltar aos níveis de 2008 e continuar crescendo;, disse Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A despeito dessas preocupações, os executivos de montadoras têm muito mais a comemorar do que a lamentar.

Recordes
Ontem, a Anfavea anunciou dois recordes no primeiro semestre do ano: de produção de automóveis, ao chegar a 1,75 milhão de unidades, e de licenciamentos, ao colocar nas ruas 1,58 milhão de carros. A produção foi tão intensa que comparada ao primeiro semestre de 2009, período de incentivos tributários para a aquisição de automóveis, a quantidade de veículos fabricados no país registrou crescimento de 19,1%. As exportações também se recuperaram, alcançando US$ 5,73 bilhões.

1 - Perdendo mercado
O licenciamento de carros flex no primeiro semestre do ano recuou. No ano passado, 88,2% de todos os veículos liberados para rodar nas vias do país tinham motor movido a etanol ou a gasolina. Em 2010, essa participação chegou a 86,5%, registrando uma queda de 1,7 ponto percentual. Situação que reflete o avanço das importações sobre o mercado doméstico. Ainda assim, os veículos flex, em números absolutos, representam a maioria dos automóveis vendidos no Brasil.

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