Economia

Mantega dá passo atrás

Ministro da Fazenda afirma que a Segurobrás será criada, mesmo sob as críticas generalizadas desferidas pelas seguradoras privadas

postado em 14/07/2010 08:03
Apesar das críticas das seguradoras privadas, o governo comprou a briga e vai insistir na abertura de uma companhia estatal para atuar no setor. Preocupado com a polêmica, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez questão de tratar do assunto numa rápida entrevista ontem. Ele garantiu que os planos para a criação da Empresa Brasileira de Seguros (EBS), que foi apelidada no mercado de Segurobrás, não serão arquivados. ;Nós não vamos voltar atrás. Essa empresa é uma necessidade para o país;, disse. O objetivo seria suprir as ;deficiências; que, na visão da equipe econômica, existem no sistema atual.

O ministro reclamou da falta de entendimento, por parte das seguradoras que já atuam no país, sobre os propósitos da minuta de medida provisória (MP) em análise na Casa Civil. Segundo Mantega, a intenção é garantir a cobertura das obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das exportações, principalmente depois que for criado o Eximbank, instituição pública que vai financiar as vendas externas. ;Todos os nossos projetos de investimento precisam de seguro e nós temos uma estrutura ainda pouco eficiente no Brasil. O setor privado não dá conta;, assegurou.

Os representantes das seguradoras discordam. Eles garantem que têm amplas condições de atender a demanda, mesmo com a expectativa de crescimento do setor com as obras de preparação para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas. Os empresários também desconfiam das intenções do governo, enxergando na iniciativa a vontade de dominar o mercado. Além disso, afirmam que a análise de riscos em obras públicas não deve ser feita por uma estatal ; haveria um óbvio conflito de interesses.

Consórcios
De acordo com o discurso oficial, as operadoras devem se beneficiar da criação da EBS, pois a ideia é trabalhar com a iniciativa privada em consórcios para cobrir as obras do PAC. Para tentar angariar apoio, Mantega vai se reunir com as grandes seguradoras na semana que vem. ;Isso é bom para o setor, porque as empresas privadas poderão trabalhar em conjunto com essa empresa pública;, ressaltou. O ministro negou que o governo tenha a intenção de estatizar o setor. ;Isso é uma bobagem.;

Como ele mesmo lembrou, o governo já tentou privatizar o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Brasil Re), que faz o seguro do seguro, diluindo o risco do sistema. Não houve interessados na compra da companhia, que está operando em sociedade com o Bradesco, o Itaú e o Banco do Brasil. O ministro disse que a Segurobrás só deve sair do papel daqui a alguns meses. Após ser enviada ao Congresso, onde a MP poderá passar por modificações, a Fazenda deve trabalhar na sua regulamentação.

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