Agência France-Presse
postado em 14/07/2010 17:28
A economia americana entrou em uma fase difícil, na qual tentará confirmar os progressos do início do ano, situação que gerou um intenso debate no Federal Reserve (Fed) - o Banco Central americano - sobre novas medidas de apoio.[SAIBAMAIS]As últimas cifras publicadas não deixam dúvidas sobre a desaceleração do crescimento dos Estados Unidos, que não está melhor que o da zona do euro.
O indicador mais recente, sobre as vendas varejistas, que tinha registrado sete meses de aumento entre outubro e abril, retrocedeu em junho mais que o previsto pelos economistas. Segundo cifras publicadas nesta quarta-feira (14/7), caiu 0,5% quando era esperada uma baixa de 0,2%.
"As vendas foram pressionadas pela queda de 2,5% na comercialização de automóveis, apontada pelas cifras dos fabricantes divulgadas há algumas semanas, assim como pelo retrocesso de 2% no volume de negócios dos postos de gasolina", explicou Ian Shepherdson, da High Frequency Economics.
Mas fora automóveis e gasolina, as vendas varejistas mantiveram-se quase estáveis em junho (alta de 0,1%), depois de uma queda em maio (-1%).
As vendas varejistas permitem vislumbrar a situação do consumo nos Estados Unidos, o tradicional motor da primeira economia mundial, e opõe atualmente aqueles que veem o copo meio vazio e os que acham que ele está meio cheio.
"O aumento das vendas do varejo, excluindo automóveis, em junho é um elemento que alenta as perspectivas para o terceiro trimestre, durante o qual os gastos de consumo deverão ser sustentados por um crescimento sólido dos salários e do emprego", disse Peter Newland, do Barclays.
Mas, a quatro meses das eleições legislativas de metade de mandato nos Estados Unidos, o otimismo parece minoritário. "Apesar de tudo o que os economistas dizem, podemos afirmar que ainda estamos em recessão", responderam 71% dos americanos em uma pesquisa publicada na terça-feira pela Bloomberg. Acrescenta-se a isso os 13% que acreditam que a economia está se fragilizando e "voltará a submergir em recessão".
Os lares percebem, sobretudo, a permanência do desemprego elevado. A fragilidade persistente das contratações contrasta com os fortes lucros das empresas mais importantes do país. Essa também é uma preocupação diária do presidente Barack Obama e das autoridades monetárias.
A Casa Branca reivindicou nesta quarta-feira o êxito do plano de reativação promulgado em fevereiro de 2009, com 3 milhões de empregos "criados ou salvos". Mas as possibilidades de ação são muito reduzidas devido às limitações orçamentárias.
O Fed mantém a taxa básica de juros estável - próximo a zero - desde dezembro de 2008, e a maioria dos programas excepcionais de apoio ao setor financeiro expiraram na primavera (do Hemisfério Norte). A dúvida é se o Fed deverá lançá-los mais uma vez.
A posição dos diretores do banco central americano pôde ser verificada nesta quarta-feira, quando foram divulgadas as atas da reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Fomc, da sigla em inglês), que mostram um Fed menos otimista sobre as perspectivas do crescimento e do emprego nos Estados Unidos. Por isso, prevê que novas medidas de apoio à economia serão necessárias.