postado em 16/07/2010 08:45
Quase sete meses após a publicação do edital, os Correios finalmente definiram a empresa que organizará o concurso com oferta de 6.595 vagas. A empresa divulgou ontem que a Fundação Cesgranrio ficará responsável pela elaboração e aplicação das provas objetivas. A autorização deve ser publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. A previsão é que os exames sejam aplicados até setembro. Aberto em dezembro do ano passado, o concurso está parado desde 19 de fevereiro, quando foram encerradas as inscrições. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ficou responsável tanto pela elaboração dos editais de abertura quanto pelo processo de inscrições. A demora, porém, foi para escolher uma empresa organizadora.
Segundo a estatal, como esse é o primeiro concurso nacional com oferta de um número expressivo de vagas, a empresa preferiu conhecer o número de candidatos, para, então, contratar a instituição responsável pelas demais etapas do concurso.
No mês passado, o diretor de Gestão de Pessoas dos Correios, Pedro Magalhães Bifano, havia informado que a Fundação Getulio Vargas (FGV) organizaria o certame. ;No entanto, essa empresa foi desqualificada por não ter experiência em processos seletivos de grande porte como o nosso;, informaram os Correios, por meio de sua a assessoria de imprensa.
Ao todo, 1.064.209 pessoas se inscreveram na seleção, que oferece oportunidades para cargos de níveis médio e superior. A média é de 162 candidatos por vaga. Os cargos mais procurados são os de carteiro (561.546 pessoas inscritas), atendente comercial (266.086) e operador de triagem e transbordo, que separa as correspondências(1), (150.835).
Assistência
Os novos servidores receberão salários que variam de R$ 706,48 a R$ 3.431,06 para uma jornada de trabalho de 44 horas por semana. Além das remunerações básicas, os aprovados terão direito a vale-alimentação, vale-transporte e assistência médica e odontológica. Eles também poderão aderir ao Plano de Previdência Complementar.
As chances são para as diretorias regionais de Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Alagoas, Sergipe, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rondônia, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo Metropolitana e São Paulo Interior.
Incomodado com a demora na definição do cronograma do concurso dos Correios, o presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Ernani Pimentel, cobrou esclarecimentos da instituição na semana passada. ;A demora não se justifica. Já se passou muito tempo. Sem conhecer a empresa e a data das provas, os concorrentes ficam sem saber como organizar os estudos;, criticou. De acordo com os Correios, o novo cronograma do certame será divulgado na próxima semana.
1 - Problemas com atrasos
Na tentativa de contornar a falta de pessoal e evitar atrasos na entrega de encomendas, os Correios decidiram contratar 2 mil funcionários em caráter temporário. A empresa também aumentou a carga horária de seus empregados para dar conta da demanda. Somados à falta de gente, problemas com o transporte aéreo também contribuíram para complicar a rotina da empresa e afetar a credibilidade de anos.
Salários valorizadosvalorizados
Os salários médios de admissão subiram de R$ 783,08 para R$ 821,13 na comparação entre os seis primeiros meses deste ano com igual período de 2009, o que representa um aumento real de 4,86%. Desde o início do governo Lula, o rendimento médio dos trabalhadores formais cresceu 29,14%, já descontada a inflação do período. De acordo com o José Eduardo Balian, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), os aumentos reais nos salários de diversas categorias são resultado da falta de mão de obra qualificada.
;Para se ter uma ideia, os salários da construção civil aumentaram 20% em dois anos. Com a mão de obra escassa, os empresários são obrigados a pagar mais pelo funcionário;, analisou. A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na casa dos 7%, somado à alta da inflação observada no início do ano, obrigarou o governo a adotar medidas de contenção do aquecimento econômico. ;A economia vai crescer menos, mas isso é uma adequação natural, porque falta a infraestrutura necessária para atender um crescimento tão rápido;, explica o professor da ESPM.
Interior
Os números do Caged revelaram ainda que a criação de empregos formais durante o primeiro semestre foi maior no interior. Enquanto as áreas metropolitanas registraram um saldo de 513 mil postos de janeiro a junho, o interior teve um saldo 677 mil vagas no mesmo período. O ministro atribuiu o resultado às safras recordes de grãos. Segundo Lupi, a partir do segundo semestre o interior da Região Centro-Oeste registrará crescimento significativo na geração de empregos devido ao ciclo da soja. A previsão de safra de grãos para 2010 é de 146,9 milhões de toneladas.
As cidades do interior que se sobressaíram foram as de São Paulo, com saldo de 326,4 mil vagas, Minas Gerais, 172,3 mil, e Paraná, 60,6 mil. O bom desempenho mineiro foi diretamente influenciado pela alta na produção de café. O único estado que apresentou queda no nível de emprego foi Alagoas, com variação negativa de 11,7%. Em 12 meses, 17,9 milhões de trabalhadores foram contratados com carteira assinada, mas 15,8 milhões foram desligados, o que dá um saldo de 2,1 milhões, ou variação positiva de 6,69%. No acumulado do ano, a variação é de 4,46%. (GHB)
30% a menos de postos formais
Gustavo Henrique Braga
O freio na atividade econômica imposto pela política monetária resultará em desaceleração nas contratações. Após um primeiro semestre de resultado recorde na geração de empregos formais, com saldo de 1,4 milhão de postos, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o governo espera criar mais 1 milhão de vagas no segundo semestre, 30% a menos do que na primeira metade de 2010. A expectativa é alcançar um saldo de 2,5 milhões até o fim de dezembro, já descontadas as demissões de temporários típicas de fim de ano, o que significaria concluir os oito anos de governo Lula com um incremento de 14,2 milhões de ocupações com carteira assinada.
Na comparação de janeiro a junho com o mesmo período do ano passado, quando o país ainda amargava os prejuízos gerados pela crise econômica mundial, houve crescimento de 391,9% na criação de vagas com carteira assinada. ;É claro que, se você compara o primeiro semestre de 2009 com este ano, o crescimento é maior, porque a crise ainda estava muito forte. No segundo semestre do ano passado, houve um crescimento expressivo. O percentual na segunda metade do ano com igual período de 2009 será menor, porque a base de comparação já não estará afetada pelos efeitos da crise;, disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
O sinal de alerta veio com o indicador do mês passado, quando foram criadas 212,9 mil vagas, resultado que, apesar de segundo melhor para os meses de junho da série histórica, é inferior aos três meses anteriores, interrompendo uma sequência de recordes desde janeiro. Mesmo que em ritmo mais lento, Lupi garante que a geração de empregos formais continuará a crescer no segundo semestre. Dos oito setores pesquisados, seis registraram saldos recordes para o período, com destaque para o de serviços ; puxado principalmente pelo comércio ; e seguido pelo da indústria de transformação e pelo da construção civil.
;São setores onde a tendência de formalização é muito grande. Isso é bom até para aliviar as contas da Previdência;, comentou Alcides Leite, professor de economia da Trevisan. Segundo ele, o Brasil enfrenta gargalos com carência de mão de obra qualificada nesses setores, o que o deixa sem condições de manter de forma sustentável o crescimento atual.