Economia

Vivo ainda sem decisão sobre venda para Telefônica

Conselho de Administração da Portugal Telecom não aceita vender a participação na operadora de celular brasileira. Telefônica pode recorrer à Justiça para viabilizar o negócio

postado em 17/07/2010 07:00
Depois de quatro horas a portas fechadas, os acionistas da Portugal Telecom saíram mudos do encontro previsto para decidir o futuro da companhia portuguesa no Brasil. O Conselho de Administração da empresa não chegou a um consenso sobre a oferta de 7,15 bilhões de euros (R$ 16,32 bilhões) da Telefônica referente à compra da participação portuguesa na operadora Vivo. Com isso, os espanhóis podem entrar na Justiça para solicitar a dissolução da Brasilcel, holding que controla a operadora brasileira, cuja participação é compartilhada meio a meio com a Portugal Telecom. A medida facilitaria as negociações de venda de parte das ações, o que viabilizaria a concretização do negócio.

Mesmo a data-limite para a proposta de compra tendo se encerrado ontem, a administração da companhia afirmou que o prazo imposto pela Telefônica para que a empresa se manifestasse sobre a compra da Vivo não era suficiente para que os acionistas firmassem um acordo. Cabe agora à Telefônica decidir se a proposta continua válida e se o prazo será prorrogado.

Avaliação
Para Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo (BES), importante acionista da Portugal Telecom, a venda da participação lusitana para a Telefônica deve ser feita para permitir que a companhia comece uma vida nova no Brasil. ;Temos uma parceria na Vivo que, no meu entender, está esgotada;, afirmou à agência de notícias Lusa. ;Ainda há oportunidades no Brasil, onde a empresa tem todas as condições para ser vencedora, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já manifestou diversas vezes o interesse que a Portugal Telecom continue no país;, lembrou Salgado.

Em encontro com jornalistas, o ministro da Presidência (cargo equivalente ao de primeiro-ministro), Pedro Silva Pereira, afirmou que a Telefônica deveria apresentar uma nova proposta, caso quisesse que Lisboa mudasse sua posição em relação à venda da fatia da Vivo detida pela Portugal Telecom. Em 29 de junho, às vésperas da Assembleia Geral de Acionistas da operadora portuguesa, a Telefônica elevou sua oferta de 6,5 bilhões para 7,15 bilhões de euros, conquistando o apoio de cerca de 70% dos acionistas da Portugal Telecom. No entanto, a venda não foi concretizada, pois o governo português usou as golden shares (ações especiais) que possui na empresa para vetá-la.

Com isso, a ação foi parar no Tribunal de Justiça da Comunidade Europeia, que considerou o veto ilegal por impedir a livre circulação de capital no bloco econômico. O governo português, porém, manteve sua posição, afirmando que a decisão da mais alta Corte europeia era apenas consultiva, e que nada mudaria as negociações.

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