"Telefónica informa que, pelo conselho de administração da Portugal Telecom não ter aceitado essa oferta dentro do prazo fixado, a mesma ficou extinta", indica o grupo espanhol em um comunicado enviado neste sábado às autoridades espanholas de mercados, a CNMV.
A oferta da Telefónica para comprar os 50% da PT na Brasilcel caducava na meia-noite de sexta-feira e, nesse mesmo dia, o conselho de administração da PT se reuniu e não chegou a um acordo a respeito.
A PT pediu nessa sexta à Telefónica, em uma carta obtida pela AFP, que estendesse a oferta até 28 de julho, depois de afirmar que as conversações entre ambos sobre a oferta do grupo espanhol "avançaram de forma construtiva" e que gostariam de "seguir trabalhando para encontrar um resultado positivo" em relação à oferta do líder espanhol de telecomunicações.
Mas a Telefónica respondeu à PT neste sábado, em outra carta, que a oferta expirou em 16 de julho, à meia-noite, prazo que havia anunciado e enfatizado há alguns dias.
A Telefónica apresentou inicialmente uma oferta de 5,7 bilhões de euros que elevou duas vezes: a 6,5 bilhões de euros e, finalmente, a 7,15 bilhões de euros.
O grupo espanhol e a PT têm 50% cada um da sociedade holandesa Brasilcel, que, por sua vez, controla 60% da Vivo.
A companhia espanhola líder nas telecomunicações já tem no Brasil a filial da telefonia fixa Telesp.
No início de julho, a maioria dos acionistas da PT decidiu aceitar a oferta da Telefónica, mas o governo português se opôs à operação graças aos direitos especiais concedidos por uma "golden share" (ação dourada) na Portugal Telecom.
O presidente da Telefónica, César Alierta, havia declarado na terça-feira que "a relação na Brasilcel é entre a Telefónica e a PT, que são os dois sócios, e ninguém mais pode interferir".
Uma "golden share"; é uma parte mínima de ações que tem um Estado em uma empresa pública quando é privatizada e que dá direito de veto.
O Tribunal de Justiça da UE estimou na semana passada ser injustificável que o Estado português vetasse a oferta da Telefónica a PT, depois que a Comissão Europeia se mostrou contra esse direito de veto.
Tanto a Telefónica como a PT sempre declararam considerar o Brasil um dos motores de crescimento.
A Portugal Telecom estimou, em um primeiro momento, que a oferta espanhola "não refletia o valor estratégico desse ativo para a Telefónica".
Além disso, avisou que a "Vivo é um ativo essencial para a estratégia" da PT e que "a venda dessa participação vai contra as perspectivas de desenvolvimento em longo prazo" da empresa.
A ação da PT caiu 4,53% na bolsa de Lisboa nessa sexta-feira.
A Telefónica enfatizou, por sua parte, que a última oferta era impecável.
O líder espanhol teve em 2009 um aumento do benefício líquido de 2,4% impulsionada pelo crescimento do negócio na América Latina, onde os acessos a linhas telefônica aumentaram 6,5%.