postado em 18/07/2010 09:42
Longe dos estigmas que perseguem os jovens no mercado de trabalho ; como problemas de baixa capacidade de concentração e poucas habilidades sociais ;, uma pesquisa realizada com 10 mil homens e mulheres conectados desde sempre à internet mostra que uma nova geração de profissionais altamente colaboradora e aprimorada tecnicamente começa a ser notada com bons olhos pelas empresas. Isso é o que apresenta um amplo estudo realizado pelo norte-americano Don Tapscott e sua consultoria, a nGenera Innovation Network. Com os dados em mãos, o pesquisador escreveu A hora da geração digital, livro que mostra como os integrantes de uma juventude que cresceu com um mão no mouse está promovendo mudanças no mercado e no ambiente das organizações. ;Pela primeira vez, a geração que está amadurecendo pode nos ensinar como preparar o mundo para o futuro. As ferramentas digitais de sua infância e juventude são mais poderosas do que as que existem em boa parte das empresas norte-americanas;, conta Tapscott, revelando a necessidade das companhias de se adequarem a um cenário que envolve o uso de novas ferramentas de comunicação e de colaboração. Em entrevista ao Correio, o autor alerta que a única limitação real para o crescimento das empresas é a capacidade que elas terão para continuar a atrair e manter os profissionais de talento que emergem do mundo on-line.Filosofia de colaboração
Se um exército marchando em sincronia com músicas militares bem arranjadas é uma metáfora para o tipo de trabalho realizado no passado, o local de trabalho do futuro será mais parecido com uma orquestra de jazz, em que os músicos improvisam em torno de um ritmo. Os funcionários estão desenvolvendo e organizando suas próprias interconexões e formando equipes multifuncionais capazes de interagir como uma força de trabalho global em tempo real. Dessa maneira, as hierarquias serão, aos poucos, redefinidas e os empregados terão mais poder para inovar. Tudo isso em estruturas de menor custo, com maior agilidade, autenticidade e melhor capacidade de atender os clientes.
Ferramentas proibidas
As empresas não fazem qualquer esforço para aprender com os seus jovens trabalhadores. Muitas vezes eles vão trabalhar e se deparam com diversos procedimentos corporativos e uma política profundamente arraigada que recompensa aqueles que comandam várias pessoas. A proibição do uso dessas ferramentas no trabalho é um exemplo de fiscalização equivocada, pois gera um confronto de gerações e, consequentemente, um ambiente de frustração. Se os empregados estão abusando do acesso à rede e passando muito tempo em sites não relacionados ao trabalho, esse deve ser um problema gerencial, não técnico. As empresas devem deixar claro as suas políticas de uso recreativo ou privado de tecnologias, que vão desde o telefone até o Twitter.
Recrutamento em redes
A cada dia surgem novas histórias de empresas de seleção que não contrataram candidatos após ver posts inadequados em perfis do Facebook. As empresas não vão parar de verificar as redes sociais dos seus candidatos. Na verdade, as companhias inteligentes vão passar a usar as redes sociais cada vez mais para recrutar empregados em potencial.
Diferenças e desafios
Os funcionários da geração internet são ideais para o mercado atual. Eles são habilidosos, confiantes, otimistas, com mente aberta, criativos e independentes ; o que os torna um desafio para os chefes. Se as empresas desejam melhorar, atender rápido seus cliente e tornar mais fortes as relações de trabalho, elas precisam mudar a postura administrativa e os métodos de gestão. Depois de assumir uma nova cultura, as características dessa nova geração serão uma fonte essencial de inovação e vantagem competitiva para as organizações no mercado.
Aprendizagem contínua
O que conta agora não é o que você sabe, é o que você pode aprender. No cenário atual, o mais importante é a velocidade com que uma pessoa é capaz de processar novas informações. Hoje vivemos num mundo que se baseia em informações que chegam cada vez mais rápido e que transformam radicalmente os nossos empregos. Como as empresas não têm condições de mandar os trabalhadores de volta às escolas para uma reciclagem, entramos de vez na era da aprendizagem contínua, que se estende ao longo de toda a vida.
Economia digital
A economia digital oferece oportunidades sem precedentes para o empreendedorismo como a criação de start-ups e de pequenos escritórios que podem atuar em diferentes setores da economia. Já podemos ver novas empresas surgindo com baixo custo, o que permite que milhares de jovens empresários criem produtos e ofereçam serviços a mercados e clientes da mesma maneira que apenas as grandes corporações podiam fazer no passado.
Criação de riqueza
A mente da geração internet é ideal para a criação de riqueza no ;hipercapitalismo;, já que esses jovens são excepcionalmente curiosos, autossuficientes, inteligentes, capazes de se adaptar a mudanças, além de terem uma visão global de negócios. Essas características, combinadas com a facilidade com que lidam com as ferramentas digitais, podem resolver os problemas de muitas empresas e administrações tradicionais. Eles (os jovens) cresceram ouvindo que é difícil encontrar bons empregos, então desenvolveram uma grande determinação. Muitos serão donos de seus próprios negócios e as empresas que contratá-los deverão estar preparados para ter suas estruturas abaladas. Os chefes terão que começar a ver os funcionários como se eles fossem o bem mais valioso para as empresas, até porque, numa economia que se baseia cada vez mais no conhecimento, eles realmente são.
Mudanças de culturas
Acho que a geração internet pode ajudar as empresas a ganhar mais. Pesquisas mostram que as companhias que passaram a adotar efetivamente os conceitos típicos desses jovens melhoraram o seu desempenho. Na verdade, eu estou convencido de que a cultura da geração internet formará uma nova cultura de trabalho e mudará os negócios.