postado em 19/07/2010 19:41
A maioria dos analistas financeiros acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manterá o processo de evolução da taxa básica de juros (Selic), com reajuste de 0,75 ponto percentual, na próxima quarta-feira (21), como ocorreu nas duas últimas reuniões do Copom. Mas as opiniões já começam a divergir e há até quem defenda a permanência da taxa Selic no patamar atual, de 10,25% ao ano, uma vez que a inflação arrefeceu nos dois últimos meses.É o caso do professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fabio Gallo Garcia. Ao analisar o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo BC, em que a projeção de inflação para este ano caiu de 5,61% para 5,42% nos últimos 30 dias, ele disse que ;a baixa reflete a percepção do mercado de que o aumento de preços durante o primeiro semestre perdeu força;. Tanto que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi zero no mês de junho e neste mês também dá sinais de estabilidade.
Garcia acredita que esse cenário também se manterá nos próximos meses. Ele lembra que a forte expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, nos primeiros meses do ano, está em fase de ;desaceleração;. Sem pressão inflacionária à vista, ele acha que o Copom pode optar pela manutenção da taxa Selic em 10,25%, uma vez que o país já conta com juros reais acima de 4,5% enquanto os Estados Unidos e países da Europa têm juros reais negativos.
Menos otimista, o presidente do Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro (Secif-RJ), José Arthur Assunção, projeta elevação de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Ele diz que a queda nos prognósticos de inflação sustenta a tese de que a economia não cresce mais nos níveis do início do ano, portanto ;não será necessário um ciclo de ajuste tão forte da Selic como se previa anteriormente;.
Assunção reafirmou a confiança no colegiado de diretores do BC. Segundo ele, ;o Copom trabalha atualmente em sintonia fina, projetando a economia para longos períodos;. Razão pela qual acredita que o Copom adotará o procedimento que for melhor para o país, independentemente de eleições ou qualquer outro fator. Ele não vê mais necessidade de a Selic chegar a 12% ou 13% neste ano, como apostavam os agentes econômicos, e até imagina a possibilidade de a taxa de juros retornar ao patamar de um dígito já no início de 2011.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, também ressalta que apesar de os analistas apostarem, majoritariamente, em nova elevação da Selic em 0,75 ponto percentual, possível ajuste de 0,50 também ;entrou no radar;. Fica evidente, segundo ele, que a postura da política monetária será alterada em breve, com provável diminuição do ritmo de alta em setembro, que pode, inclusive, marcar o fim do ciclo atual de aperto.