Agência France-Presse
postado em 20/07/2010 20:26
A União Europeia, condenada recentemente devido a anos de subsídios ilegais à fabricante de aeronaves Airbus, mostrou as cartas nesta terça-feira (20/7) e decidiu apelar da decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) que deu razão, em grande parte, à demanda americana de 2004.Esse episódio constitui um novo giro na guerra que mantêm há décadas o duo Airbus-Boeing pelo primeiro lugar na fabricação mundial de aviões.
Depois de uma trégua durante os anos 1990, as duas fabricantes enfrentam-se novamente desde 2004 na OMC, apresentando demandas simultâneas nas quais denunciam subsídios públicos.
Depois de cinco anos, o Órgão de Solução de Divergências da OMC, que teve de tratar o caso mais complexo da história, deu a primeira decisão oficial em 30 de junho sobre a demanda americana contra Bruxelas.
Na decisão de mais de 1.000 páginas, o órgão estabeleceu que os "créditos reembolsáveis" alemães, espanhóis e britânicos para o A380 constituem "subsídios à exportação proibidos" na OMC.
Concluiu ainda que 21 créditos concedidos à Airbus para o desenvolvimento da linha A300 nos últimos 40 anos representam subsídios pelas condições de pagamento a taxas inferiores as do mercado.
A reguladora do comércio mundial estimou que essas ajudas permitiram à Airbus conquistar mercados da Boeing, segundo a qual os subsídios europeus permitiram à concorrente deter 57% do mercado em 2006, contra 37% em 2001, tornando a fabricante europeia a número um da aviação civil em 2003.
Bruxelas reconheceu em parte as conclusões do órgão da OMC, mas decidiu apelar, explicando em um comunicado que vários pontos da decisão devem ser "corrigidos ou esclarecidos".
Os europeus contestam "a relação de causa e efeito entre o apoio financeiro da Airbus e as consequências negativas para a Boeing".
Bruxelas estima ainda que as infraestruturas concedidas ao gigante aeronáutico europeu em Hamburgo, Bremen e Toulouse não constituem subsídios ilegais, como afirma a OMC.