Agência France-Presse
postado em 27/07/2010 09:20
A petroleira BP anunciou nesta terça-feira as maiores perdas registradas por um grupo britânico em um trimestre e a substituição de seu presidente Tony Hayward, em função da maré negra do Golfo do México, um desastre ambiental que poderá custar 32,2 bilhões de dólares.As perdas da BP no segundo trimestre de 2010 chegam a 16,9 bilhões de dólares e o grupo calcula em 32,19 bilhões a quantia necessária para enfrentar o vazamento de petróleo provocado pela explosão de uma de suas plataformas em abril passado, informa a companhia em um comunicado.
Os 32,19 bilhões de dólares incluem os 20 bilhões de dólares que a firma já prometeu reservar para o pagamento de indenizações e para cobrir os custos da limpeza do Golfo do México, assim como 2,9 bilhões para tarefas de limpeza e indenizações já pagas.
As perdas estratosféricas do segundo trimestre se viram atenuadas no entanto, por um bom resultado do grupo em termos de exploração petroleira e por um efeito fiscal favorável de 7,188 bilhões de dólares.
Sem o impacto da maré negra, o grupo teria anunciado um lucro de 5 bilhões de dólares.
No segundo trimestre de 2009, a BP havia registrado um lucro ajustado (sua medida se referência) de 3,14 bilhões de dólares.
Mas o desastre ecológico arruinou as contas e arrastou o presidente do grupo, o britânico Tony Hayward, questionado inclusive pela Casa Branca por sua gestão da crise.
Hayward será substituído em 1; de outubro pelo americano Bob Dudley, atual diretor executivo, encarregado das operações de limpeza da maré negra.
"A BP anunciou hoje que por consenso mútuo com o conselho diretor da BP, Tony Hayward deixará suas funções de presidente em 1; de outubro e será nomeado diretor da TNK-BP, uma empresa com participação capital da BP na Rússia", indicou a companhia.
A BP acrescentou que nos próximos 18 meses venderá ativos no valor de 30 bilhões de dólares, principalmente no setor da exploração petroleira.
Tony Hayward, de 53 anos, manifestou em uma declaração seu pesar pela catástrofe ecológica, a pior dos Estados Unidos.
A explosão da plataforma, que matou 11 pessoas e provocou o vazamento de óleo, "foi uma tragédia horrível pela qual, enquanto dirigente da BP quando ocorreu, sempre me sentirei profundamente responsável, sem considerar de quem foi a culpa", acrescentou.
O presidente do diretório da BP, Carl-Henric Svanberg, afirmou que a BP será de agora em diante "uma empresa diferente, que necessita de uma nova direção apoiada por uma governança robusta e um conselho de administração muito comprometido".
O substituto de Hayward, Bob Dudley, estava desde junho encarregado da luta contra a maré negra no Golfo do México, região que conhece muito bem, pois viveu ali durante sua infância. Anteriormente dirigiu a TNK-BP durante cinco anos na Rússia, antes de deixar precipitadamente o cargo após um conflito com os acionistas.
Dudley, de 54 anos, ex-funcionário da sociedade americana Amoco que se integrou à BP quando as duas empresas optaram pela fusão em 1998, se declarou "honrado por assumir a tarefa de reconstruir as vantagens e a reputação da BP, mas triste pelas circunstâncias" em que estas mudanças acontecem.
Dudley, primeiro dirigente não britânico da BP, tem como principal objetivo acalmar a cólera dos americanos. Hayward, por seu lado, deverá manter as boas relações com a Rússia depois da deterioração que sofreram durante a gestão de Dudley na chefia da TNK-BP.