postado em 28/07/2010 08:10
Londres ; A petroleira BP lançou ontem um plano para melhorar sua imagem nos Estados Unidos, o que inclui o afastamento de um presidente executivo pródigo em gafes e a promessa de se tornar uma companhia mais enxuta, com a meta de vender US$ 30 bilhões do seu patrimônio para fazer frente à maré negra do Golfo do México, um desastre ambiental que poderá custar US$ 32,2 bilhões. A empresa anunciou ainda as maiores perdas registradas por um grupo britânico em um trimestre, no valor de US$ 16,9 bilhões de abril a junho de 2010.A BP disse que o presidente executivo Tony Hayward deixará o cargo em 1; de outubro, para ser substituído pelo norte-americano Bob Dudley. ;Acredito que não seja possível para a empresa avançar nos Estados Unidos comigo permanecendo como o rosto da BP;, disse Hayward. ;Então acho que pelo bem da BP, e particularmente pelo bem da BP nos Estados Unidos, é correto que eu (...) renuncie.;
Carl-Henric Svanberg, presidente da companhia, disse que a BP vai ;olhar bem; para si mesma e ;será uma companhia diferente daqui por diante;.
O substituto de Hayward, Bob Dudley, estava desde junho encarregado da luta contra a maré negra no Golfo do México, região que conhece muito bem, pois viveu ali durante sua infância. Anteriormente dirigiu a TNK-BP durante cinco anos na Rússia, antes de deixar precipitadamente o cargo após um conflito com os acionistas. Dudley, primeiro dirigente não britânico da BP, tem como principal objetivo acalmar a cólera dos americanos.
Cultura alterada
Em entrevista ao canal ABC , o novo presidente Dudley afirmou que a BP deverá mudar de cultura depois do vazamento. ;Uma catástrofe como essta te sacode até as bases. E só há duas maneiras de reagir: uma opção é fugir. A segunda é enfrentar a situação e mudar a cultura da empresa, assegurando que todas as medidas de controle funcionem, para que algo assim não volte a acontecer;, declarou ele.
Mais tarde, Dudley negou que a cultura da BP tenha contribuído com o vazamento e acrescentou que a empresa continuará procurando os projetos mais difíceis do setor petrolífero. Para investidores e analistas, porém, a cultura interna da BP estimula mais riscos do que na concorrência, o que gera mais lucros e, para os críticos, isso contribuiu com a explosão da plataforma em 20 de abril, que matou 11 funcionários e causou o vazamento.
Desde o acidente, a BP perdeu cerca de US$ 70 bilhões do seu valor de mercado, mas suas ações têm tido forte recuperação nas últimas semanas. Com os rumores de que Hayward deixaria o comando, as ações da empresa haviam subido na segunda-feira, mas voltaram a cair sob o impacto do grande prejuízo trimestral.
As perdas de US$ 16,9 bilhões no segundo trimestre de 2010 foram atenuadas por um bom resultado do grupo em termos de exploração petroleira e por um efeito fiscal favorável de US$ 7,188 bilhões. Sem o impacto da maré negra, o grupo teria anunciado um lucro de US$ 5 bilhões. No segundo trimestre de 2009, a BP havia registrado um lucro de US$ 3,14 bilhões.