postado em 29/07/2010 07:58
A produção industrial perdeu ritmo em junho e reforçou a expectativa de acomodação da atividade econômica no segundo trimestre do ano, conforme levantamento divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a sondagem, a produção no mês passado recuou de 54,9 para 51,8 pontos, em uma escala de 0 a 100, na qual valores próximos de 50 indicam estabilidade.A pesquisa da instituição revelou ainda, segundo o gerente executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, que não há descompasso entre a produção e o consumo. ;Desde janeiro, os estoques ficaram estáveis, um pouco abaixo do planejado, o que significa que a demanda não aumentou de forma surpreendente;, destacou. O indicador de estoques em junho ficou em 49,2 pontos, segundo a sondagem. Em abril e maio, o mesmo índice registrou 48,7 e 49,7 pontos, respectivamente.
A utilização da capacidade instalada também corroborou a análise de que a indústria se acomodou. No mês passado, a UCI efetiva ficou em 48,4 pontos, o que denota proximidade à utilização usual para o período. Em São Paulo, que abriga o maior parque fabril do país, o nível de atividade encolheu 0,6% no mês passado.
Em relação ao segundo semestre, os empresários continuam otimistas, segundo a CNI, e estimam crescimento da demanda ; o índice registrou 63,5 pontos. Os indicadores que medem a expectativa de contratação de novos empregados e da compra de matérias-primas para a produção também são influenciados por este otimismo. Os dois índices somaram em junho 55,9 e 60,9 pontos, respectivamente. A confiança, no entanto, continua focada no mercado interno, uma vez que as projeções para o aumento das exportações seguem próximas ao centro da escala, em 52,2 pontos, já que as economias mais ricas do mundo ainda se debatem para sair da recessão.
A CNI estimou que os próximos meses devem ser marcados pela manutenção do crescimento moderado, em ritmo menor do que o do primeiro trimestre. Fonseca, no entanto, voltou a destacar que o principal vilão para o setor produtivo continuam sendo os juros altos e criticou a equipe econômica do governo. ;O problema é que a política fiscal não cumpre o seu papel, de conter os gastos e deixar espaço para o consumo crescer sem inflação;, afirmou. Para ele, a falta de coordenação entre a política fiscal e a monetária colocam o país em uma armadilha. ;O BC sobe juros para frear a demanda, mas trava o investimento e, consequentemente, reduz as condições futuras de atender a demanda, exigindo mais juros para controlar a inflação;, avaliou.
Fitch projeta expansão de 7%
A despeito dos sinais de acomodação no nível de atividade, a Fitch, uma das três mais importantes agências de classificação de risco do mundo, aumentou a previsão de crescimento econômico brasileiro neste ano de 5,5% para 7%. ;Expectativas favoráveis para corporações de mercados emergentes poderão ser temperadas pela evolução dos preços das commodities, bem como pelas taxas de crescimento nos mercados em desenvolvimento;, assinalaram os economistas da empresa no relatório Perspectivas Econômicas Globais, divulgado ontem. As estimativas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia e da Índia também subiram de 4,5% para 5% e de 8% para 8,5%, respectivamente. A projeção para a China foi mantida em 9,3%. Segundo o documento, 86% das corporações da América Latina e 81% da Ásia têm perspectiva ;estável;. Na Europa Central, no Leste Europeu, no Oriente Médio e na África, a proporção é de 75%.