Vera Batista
postado em 03/08/2010 08:07
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o mês em alta ; a 11; consecutiva ; e está prestes a zerar as perdas acumuladas em 2010. Trata-se do período mais longo de valorizações seguidas desde 2003. O Ibovespa, principal índice do pregão paulista, subiu 1,48%, para os 68.517 pontos. Nos últimos 30 dias, os ganhos chegaram a 11,54%. No ano, a bolsa apresenta agora leve perda de 0,10%. No mercado de câmbio, o apetite por risco fez o dólar cair 0,23%, cotado a R$ 1,751, o menor nível desde 3 de maio.As boas notícias no mercado doméstico, com lucros expressivos das empresas listadas na bolsa, e no cenário externo, a despeito do fraco desempenho da economia dos Estados Unidos, mantêm a euforia dos investidores. Também a Europa não decepcionou. O índice dos gerentes de compra de atividades industrial da Zona do Euro subiu e os resultados trimestrais dos bancos foram animadores. Nesse contexto, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 1,99%. O mercado de Londres teve ganhos de 2,64% e o de Paris cravou valorização de 2,98%. Em Frankfurt, houve incremento de 2,34%.
Paraíso dos bancos
Quem apostou no bom desempenho do setor bancário brasileiro ganhou um bom dinheiro na Bolsa de Valores de São Paulo. Segundo pesquisa da Consultoria Economática, as ações de empresas do sistema financeiro lideraram a rentabilidade no mês de julho, registrando, em média, valorização de 23,39%, mais do que o dobro do Ibovespa, com alta de 10,8%. Dos 24 setores analisados pela consultoria, 22 deram bons lucros ao investidor e dois fecharam o mês passado com resultado negativo. ;Já era esperado. O Brasil é o país com as maiores taxas de juros do mundo, o paraíso dos bancos. Quem paga a conta são as empresas e os consumidores, que tomam dinheiro emprestado;, afirmou Demetrius Borel Lucindo, da Corretora Prosper.
O segundo setor com melhor desempenho foi o da construção civil, com retorno de 22,75%. As empresas têxteis apareceram, em seguida, com alta de 18,11%. Fecharam o mês com queda os segmentos de software e dados, com baixa de 3,37%, e de telecomunicações, com perdas de 0,51%.
O estudo da Economática contatou ainvda que, das ações que compõem o Ibovespa, as cinco que mais subiram em julho foram Cyrela Realty (27,1%), Bradesco (26,3%), MRV (24,1%), Banco do Brasil (23,9%) e Embraer (23,8%). Já as maiores baixas foram Telemar (-11,7%), Pão de Açúcar (-8,6%), Sabesp (-6,2%) e Tim Participações (-4,8%).
A crise ficou para trás
Washington ; O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, reiterou estar otimista com o crescimento da economia dos Estados Unidos, que, apesar de moderado, será impulsionado pelas empresas e pelos gastos das famílias.
De acordo com Bernanke, basicamente a crise (1) financeira ficou para trás, mas ainda resta ;percorrer um longo caminho para a economia restabelecer-se completamente;. Quando o apoio das autoridades chegar ao fim nos próximos meses, ;o crescimento deverá ser sustentado por uma alta da demanda dos lares e das empresas;, acrescentou o chefe do Fed.
;Depois de uma queda vertiginosa no fim de 2008 e início de 2009, a economia dos Estados Unidos estabilizou-se em meados do ano passado e cresce desde então em um ritmo moderado;, declarou Bernanke. Segundo ele, ;muitos americanos ainda lutam contra o desemprego, as execuções judiciais das hipotecas relativas à compra da casa própria e a perda de suas economias;.
Recessão
Bernanke fez essas declarações três dias depois da publicação dos dados oficiais do PIB americano, dando conta de uma nítida desaceleração do crescimento no primeiro trimestre e mostrando que a recessão de 2007-2009 foi mais forte do que se pensava.
Ele insistiu em que a conjuntura financeira ;converteu-se recentemente em menos favorável que antes para o crescimento;, pela situação na Europa em particular e porque o crescimento do emprego na rede privada é ;insuficiente; para permitir uma redução real da taxa de desocupação (9,5% no fim de maio). ;A lentidão da recuperação do mercado de trabalho e a incerteza que as perspectivas de emprego geram nos lares pesam sobre sua confiança e gastos;, disse.
1 - Fábricas nos EUA
O crescimento do setor manufatureiro norte-americano desacelerou em julho para o ritmo mais fraco deste ano, enquanto as novas encomendas e a produção perderam força. O índice de atividade industrial nacional caiu para 55,5 em julho, ante 56,2 em junho, no terceiro mês seguido de queda. Já o componente de novas encomendas caiu para 53,5 em julho, frente a 58,5 em junho, no menor patamar desde junho de 2009.