Economia

Jogo criado por investidor reproduz a vida real do mundo financeiro

Vera Batista
postado em 10/08/2010 07:40
Ganância e medo. Esses são os ingredientes que os investidores devem evitar quando aplicam no mercado financeiro. ;Medo de investir por achar que sempre perderá tudo e a ganância de ir sempre além, esperando milagres;, explicou Elvis Tolotti, um jovem investidor que acaba de criar o Jogo da Bol$a, uma curiosa ferramenta para ensinar, de forma lúdica, os intrincados trâmites das bolsas de valores, dentro ou fora do ambiente de crise econômica, tirando proveito, inclusive, das tendências de baixa, períodos sempre tido como ruins.

O autor define o invento como uma novidade feita sob medida ; diferente de tudo que existe sobre o tema ; para quem quer aprender mais sobre como investir o seu dinheiro. Garante que pessoas de todas as idades, após a primeira partida, se sentirão motivadas a pesquisar sofregamente a dinâmica do mercado de capitais. O Jogo da Bol$a é competitivo, parecido com os jogos da infância, como o War e o Jogo Imobiliário. A diferença está no tabuleiro, que reproduz o comportamento dos principais setores da economia brasileira: bancos, petrolíferas, telefonia e mineração.

Cada passo exige raciocínio. Os preços das ações oscilam depois da leitura das cartas, com análises inspiradas em fatos reais, a exemplo do pregão diário da BM. Assim, o jogador sente a emoção como se estivesse convivendo com os boatos que fazem as crises oscilarem. Vive o pânico que muitas vezes causa o temido ;efeito manada;, quando todos, apavorados, correm em uma mesma direção, nem sempre a melhor. O mais interessante é que o jogo vem com um glossário da bolsa, ensinando os termos técnicos, de acordo com a decisão tomada. A cada desafio, o grau de dificuldade aumenta, mas de forma a prender a atenção do iniciante.

;Em tudo, o Jogo da Bol$a se aproxima da vida real. Podem jogar de 2 a 6 pessoas. Cada uma recebe R$ 500 fictícios, uma quantia razoável para o cidadão comum e não aqueles valores absurdos e fora da realidade dos simuladores da internet, que chegam a oferecer R$ 200 mil;, disse Tolotti. Com o ;dinheiro; na mão, cada qual decide se vai diversificar (com ações de diferentes setores) ou não a carteira para diluir o risco. O objetivo é multiplicar o investimento. A seguir, a banca apresenta as cartas com notícias extraídas do cenário econômico real que mostrarão o terreno ; firme ou movediço ; a ser trilhado pelo jogador/investidor.

O jogador sente como se estivesse realmente operando ações em uma bolsa de valoresO inventor do jogo observa que ele ;desarma o espírito;. Segundo ele, ;ninguém oferece resistência;. Um protótipo foi apresentado pela primeira vez em 2006, na Expo Money (evento de educação financeira que acontece em todo o Brasil), já vendeu mais de 3 mil cópias e custa entre R$ 50 e R$ 80. As notícias que dão o tom aos movimentos são atualizadas periodicamente e podem ser acessadas gratuitamente pela internet no site . ;Cerca de 30% do jogo estão lá. Pode-se acrescentar ou substituir as cartas mais antigas. O jogo não envelhece;, garantiu Tolotti.

Em Brasília
A Expo Money, maior evento gratuito de educação financeira e investimentos da América Latina, estará em Brasília nesta semana. Segundo o economista Raymundo Magliano Neto, um dos organizadores, a ideia tem como base o Money Show americano. O evento já orientou milhares de brasileiros que começam a se adaptar aos novos tempos de crédito farto e ritmo acelerado de desenvolvimento econômico. Nesta 4; edição no Planalto Central, a feira terá uma ;clínica; para atender os endividados e indicar a melhor maneira de administrar o dinheiro, além de palestras diversificadas sobre o assunto para todas as idades.

;Em 2003, cerca de 80 mil pessoas investiam no mercado acionário. Hoje, são 556.133. O Distrito Federal ocupa a 8; posição, com 17.320 investidores. Poucos sabem o que fazer com o dinheiro. Há quem use financiamento até para comprar ovo de Páscoa;, argumentou Magliano. Marcelo Néri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que o crédito no Brasil aumentou de 22% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2004, para 45%, em 2010. Mas ele ainda é considerado escasso, o nível de endividamento é alto e os juros continuam nas alturas.

;O Brasil aumentou a renda e reduziu a inflação. Está mais previsível e seguro, apesar dos alarmes. Mesmo assim, a economia desacelerou, pode haver problema de inadimplência em futuro próximo. Por isso, a educação financeira é muito importante e deve ser incentivada;, destacou Néri.

REPSOL VAI ABRIR O CAPITAL
Repsol Brasil entregou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de registro como companhia aberta, etapa inicial para futura potencial colocação de ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (BM). A controladora da empresa, a Repsol espanhola, já havia informado, no fim de julho, que pretendia realizar uma oferta pública das suas operações brasileiras até o quarto trimestre e aumentar em 40% o seu capital. No Brasil, é parceira da Petrobras nos promissores campos de exploração de petróleo e gás Guará e Carioca, no pré-sal da Bacia de Santos. Possui ainda 16 outros blocos destinados à prospecção no país. Também é sócia da estatal na refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.

EXPO MONEY
Em: 11 e 12 de agosto
Horário: das 13h às 21h30
Local: Centro de Convenções Brasil 21
Informações:

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