Economia

Malibu, fabricado no Canadá, destaca-se por linhas elegantes e conforto a bordo

Não é esportivo por excelência, mas encara as pistas com valentia

postado em 12/08/2010 07:00

No manual do proprietário do Chevrolet Malibu há uma curiosa apreciação no capítulo sobre uso dos freios: ;Primeiro, você deve decidir pisar no pedal do freio. Depois, deve trazer o pé até ele. O tempo de reação é de 3/4 de segundo;. Se parece trecho de apostila de aprendiz de motorista, mesmo assim considere: o freio do sedã que chegou ao Brasil gosta de ser bem avisado, primeiro com toque de pé e depois com pressão, para mostrar sua garra ; e que garra! É assim, no geral, o Malibu: um carro que pede pegada firme. Sabendo ir por esse caminho ; o de manifestar suas intenções com clareza ; você vai se dar muito bem com ele.

Sedã entra no país para enfrentar Fusion, Accord, Passat, Peugeot 407 e Citroën C5, entre outros grandalhõesO Malibu se situa entre o conhecido Vectra ; cuja última versão no Brasil, lançada em 2005, nada mais é do que o Astra europeu, não honrando, portanto, a continuação do nome Vectra ; e o Omega. Com seus 171cv, ele tem preço na faixa do Ford Fusion 2.5 (173cv) e do Hyundai Azera (245cv). E, com desempenho na mesma média dos dois, vem com qualidades para marcar época. E que, em termos de performance, o condutor só vai notar na prática, porque, para começo de conversa, o motor tem funcionamento silencioso: isolamento acústico é item levado a sério aqui.

De cara, agrada por ser uma novidade. O Malibu é um carro que, de imediato, deve fazer muito bem à autoestima do proprietário: por onde ele passa, todo mundo olha. Com a grade dividida pela gravatona dourada sinalizando a modernidade, apresenta alguns toques retrô, lembrando de leve o Corvette (1) e, por associação, algo do saudoso Opala. É um design atraente, mesmo naquela traseira cujas lanternas, num primeiro momento, causam estranheza por sua aparente assimetria: é difícil enxergar um traço de harmonia complementar entre as anexadas na lateral, que invadem a ponta dos para-lamas, e a sua continuação, no porta-malas. Mas isso cai no costume: numa visão conjunta, o Malibu é um belo exemplar.

Pise, que ele acorda

Na cabine, conforto, bom acabamento e muitos itens de sérieA necessidade da boa pegada do motorista se faz sentir a partir da direção, que é macia e requer empunhadura decidida para desenvolver agilidade. Tem, claro, regulagem de altura e profundidade. Com o mesmo motor da Captiva (ambos são da série Ecotec, tecnologia que propõe o aproveitamento máximo da potência e redução do gasto de combustível), ele não tem a relativa sonolência que a irmã mexicana apresenta até acordar, mas requer, sim, manejo firme do motorista para reagir. Pelo menos reage bem. Mas, em altas velocidades, certamente vai querer a tal pegada firme, pois o volante é leve demais. Faz falta o sistema de assistência da direção do Toyota Corolla (que nem é concorrente direto do Malibu), que, leve nas manobras, vai se tornando firme à medida que a velocidade aumenta.


1 - Longínqua inspiração

Lançado pela Chevrolet em 1953, o Corvette foi o primeiro carro esporte inteiramente norte-americano fabricado por uma empresa dos Estados Unidos. Seu lançamento causou grande impacto no público americano, pois, com formato baixo, pequeno, visual pouco rebuscado e esportivo, o Corvette destoava dos padrões da época. Essa marca na história do automobilismo dos EUA é devidamente registrada no National Corvette Museum, em Browling Green, no estado do Kentucky. O nome é uma referência às corvetas, pequenas e ágeis embarcações de escolta da Marinha inglesa. Ao longo de sua história ; que não terminou, pois o carro é produzido até hoje, com exclusividade, por uma fábrica em Bowling Green ;, o Corvette acumula seis gerações.

Malibu, um sedã valente e elegante

Detalhe das lanternas recortadas: porta-malas para 428 litrosO Malibu tem um motor forte, mas não a esportividade como referência. São longas as relações das seis marchas, o que o condutor vai notar tão logo acione o mecanismo que passa o câmbio para a condução manual. Não deixe de experimentar, é divertido. As borboletas para troca das marchas têm mecanismo diferente da tecnologia das demais (a maioria apresenta um comando à esquerda para reduzir e outro à direita para avançar, ou vice-versa): dos dois lados, a marcha avança empurrando-se a borboleta e retrocede quando ela é puxada.

Esse é o recurso que poderá agregar alguma pitada esportiva na condução do Malibu. O motor responde bem à aceleração, mas não espere reações nervosas imediatas ; ele não é do tipo ;triscou, riscou;. Quem prioriza a adrenalina pode não ser bem o tipo de comprador ideal para o carro, mas o Malibu, de qualquer forma, respeita o espaço e sabe tratar bem ímpetos de seu proprietário, desde que esse não exija condução nervosíssima.

Mas se trata de um produto Chevrolet, marca que, se hoje está atrás da concorrência no segmento dos sedãs ; cochilou muito, enquanto as demais evoluíram e tratam o consumidor a pão de ló, além de a maioria ter desenvolvido motores mais econômicos ;, ainda preza sua confiabilidade.

O Malibu é estável nas curvas e dirigibilidade prazerosa durante longos percursos. Quanto à economia destacada no projeto do motor 2.4 Ecotec, em bloco de alumínio, o computador de bordo do modelo testado pelo Correio mostrou a média de 6,7km/l no percurso urbano. A Chevrolet tem divulgado uma média mais interessante: 9,4km/l na cidade e até 14,5km/l na estrada. Isso traz algumas ponderações ao ponto de vista do comprador.

Bom gosto
Em alguns momentos, a funcionalidade do Malibu flerta com o espaço singular que o Chevrolet Opala (1969-1992)(1) deixou, pois nem o Omega nem o Vectra podem ser considerados continuação daquele bom projeto. O Malibu é valente e exige que seu condutor demonstre a real intenção de desfrutar desse vigor. Isso destaca, em uma outra leitura, a bem-cumprida vocação do carro para o conforto, item exigido pelo consumidor norte-americano.

Porque o Malibu trata bem seu proprietário. Aconchegante, o interior oferece regulagem elétrica nos bancos ; de altura, lombar e de encosto ;, com opção de aquecimento. Mas o espaço vertical não é grande: com apenas 1,70m e dirigindo com o banco alto (quando possível, nunca é demais poder enxergar a frente do carro), por várias vezes esbarrei a cabeça no teto. Mesmo assim, estar a bordo do carro é confortável para seus ocupantes. O som, de geração contemporânea, é de fácil manejo e o sistema acústico cumpre seu papel.

Ao redor do motorista e dos passageiros, há conforto para todo lado. Começa pelo bom gosto na forração e no material empregado ; o da parte de cima do painel é mais emborrachado, sendo o restante de plástico, bem como o revestimento das portas, sendo os bancos em couro. Também é atraente o design do painel, desenhado em elegantes curvas, e onde o filete imitando madeira cai bem, quando é um recurso duvidoso que não raramente deixa brega o interior de um carro (vide o Corolla em sua versão mais luxuosa).

Confiável
Comodidade e segurança são itens bem-atendidos no interior do Malibu. Os bancos têm regulagens elétricas, e o do motorista, além do ajuste lombar, conta com dispositivo de aquecimento. O freio de estacionamento é um pedal que se aciona à esquerda, devidamente posicionado para que nenhum distraído pense tratar-se de uma improvável embreagem. E o sistema de freios conta com ABS, EBD e PBA (assistente de frenagem de urgência). Faróis e limpadores de para-brisa têm acionamento comandado por sensores, e os espelhos retrovisores externos também são eletrocrômicos.

Pequenas ressalvas, todavia, fazem parte do prazer de conviver com um Chevrolet Malibu. A primeira é que um sedã dessa categoria merecia garantia de mais de um ano ; ora, a marca sempre foi confiável. Um carro dessa faixa também tinha de vir, de série, com sensor de ré. Mesmo com a relativa boa visibilidade traseira, faz muita falta. Também não precisava ser vidro um-toque apenas para o motorista, embora valha destacar que os de trás abrem por completo. Mas os vidros têm de ser fechados nos comandos antes de se sair do carro: não sobem com o travamento das portas. E o terceiro encosto no banco traseiro, por que não está lá? Não vale a desculpa de que a maioria dos carros foi feita para transportar, na parte de trás, dois adultos e uma criança, que supostamente fica no meio. Neste caso, por que o banco não é bipartico?

Repetidores de seta nos retrovisores ; o Malibu os tem nos para-lamas traseiros ; também fariam bonito.

Como os concorrentes, o Malibu só bebe gasolina, sem moderação. Cobra pelo que oferece. E oferece prazer de dirigir, predominantemente na tocada que privilegia conforto a bordo e à direção. Também não desaponta quem quer agilidade e robustez na estrada, tanto no modo automático quanto no sequencial. Em tempo: ele não tem aquele mecanismo que permite ao condutor, nos sequenciais, intervir nas marchas, reduzindo-as ou avançando-as independentemente de o comando ter sido passado para a condução manual. É preciso estar nessa posição para que as borboletas funcionem. O fato é que, com ou sem elas, o carro proporciona aventura com aconchego. Além de bater na tecla do glamour da marca. (CN)

1 - Um herói
O Opala foi o primeiro carro de passeio fabricado pela Chevrolet no Brasil. Chegou no fim de 1968, inicialmente com os motores 2.500 (4 cilindros, 8 válvulas e 78cv) e 3.800 (6 cilindros, 12 válvulas e 112cv). Depois vieram os 4.100 (6 cilindros, 12 válvulas, 112cv), um novo 2500 de 79cv, os SS (que começaram com 86cv e chegaram a uma versão com 126cv) e, em suas últimas versões, um 4.1 a gasolina com 121cv e outro a álcool com 134cv. O carro marcou época como veículo de destinação tanto familiar ; principalmente quando estreou, ainda com câmbio no volante e mais espaço no banco dianteiro ; quanto com foco no desempenho, abrangendo, portanto, diferentes públicos.

Chevrolet Malibu

Motor
Dianteiro, transversal, gasolina, quatro cilindros em linha, 2.384cm; de cilindrada, 16 válvulas, de 171cv de potência a 6.400rpm e torque máximo de 22,1kgfm a 4.500rpm

Direção
Tipo pinhão e cremalheira, assistida eletricamente
Câmbio ; sequencial de seis marchas, com tração dianteira

Suspensão
Independente, McPherson, na dianteira; e independente, com braços articulados, na traseira

Freios
Discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e EBD
Comprimento/entreeixos ; 4,87m / 2,85m

Altura/largura
1,45m / 1,78m

Porta-malas
428 litros

Peso
1.582kg

Tanque
61l

Pneus
225/50, aro 18

Preço
R$ 89.900

Principais equipamentos de série

Alarme antifurto, direção elétrica, câmbio automático de seis velocidades com active select (borboletas) no volante, ESP (controle eletrônico de estabilidade), TCS (sistema de controle de tração), monitoramento da pressão dos pneus, seis airbags (frontais / laterais / cortina), freios ABS com EBD (distribuição eletrônica de frenagem) e Panic Brake Assist (assistência de frenagem em caso de pânico), bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecimento, ar-condicionado digital automático, computador de bordo, volante e manopla do câmbio em couro, sombreiras iluminadas, bancos em couro, retrovisores interno e externo do lado do motorista eletrocrômicos, volante com ajuste de altura e profundidade, sensor crepuscular, piloto automático, (controles do som, piloto automático e computador de bordo no volante), tomada de 110V, rádio AM/FM/CD/MP3/USB/entrada auxiliar e oito falantes Bose, faróis de neblina e rodas de alumínio de 18 polegadas

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