postado em 13/08/2010 16:35
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje (13/8), em São Paulo, que mudanças implementadas após o fim da crise bancária que desestabilizou o país em 1994 permitiram que o Brasil lidasse de forma eficaz com a mais recente crise financeira mundial."Todos sabem que o enfrentamento de uma crise não se dá no momento em que ela começa, mas, sim, quando termina a última (anterior)", afirmou Meirelles, referindo-se à turbulência por que passou o setor bancário e que levou o governo federal a instituir, em novembro de 1995, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer), iniciativa adotada para salvar da falência bancos com problemas de liquidez. O presidente do BC esteve na abertura do 5; Seminário sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária.
"(A partir do fim da crise bancária) O Brasil começou a construir a atual estabilidade (financeira), na medida em que as regras e, principalmente, a abordagem de fiscalização do Banco Central foram sendo alteradas. Até então, o governo federal normatizava o sistema financeiro com vistas a atingir finalidades macroeconômicas. Não havia uma abordagem prudencial. Isso foi sendo gradualmente alterado e, nos últimos anos, passamos a priorizar a prevenção de riscos e a estabilidade do sistema", comentou Meirelles, citando algumas das medidas ;macroprudenciais;.
"A estabilidade financeira é uma medida. A constituição de reservas é outra. (Graças a elas) No momento em que houve a crise de 2008, o Banco Central teve a capacidade de emprestar dinheiro em dólares às empresas com dificuldades de obter financiamentos externos", declarou Meirelles, destacando que, às vésperas da última crise, as reservas internacionais brasilerias superavam os US$ 200 bilhões, o que tornava o Brasil menos vulnerável à crise internacional.
"Tínhamos recursos e os agentes sabiam que os tínhamos. E mesmo que, como muitos outros países, pudéssemos depositar reais na conta do FED (Federal Reserve Bank, o Banco Central norte-americano), para recebê-los em dólares, não tivemos necessidade de usar essa linha", afirmou. Meirelles disse que, graças à política adotada pelo BC durante a crise internacional financeira, deflagrada no final de 2008, o Brasil é, hoje, considerado, internacionalmente, um modelo de gestão.
"O desempenho do Brasil na crise foi um dos melhores e mais eficazes. Tivemos a mais curta recessão entre todos os países, saindo dela em apenas cinco meses. Portanto, o modelo de enfrentamento de crise adotado pelo Banco Central, não só por seus resultados, mas também por sua eficácia técnica, é considerado, não só no âmbito dos demais bancos centrais, mas, inclusive, em relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), como modelo de enfrentamento de crise", disse o presidente do BC.