Economia

Petrobras lucra R$ 16 bilhões

Mesmo enfrentando problemas com a segurança de plataformas e incertezas da capitalização, desempenho da estatal cresce 11% no semestre

postado em 14/08/2010 07:00
Presidente da companhia, Gabrielli conduzirá a complexa tarefa do aumento de capital em setembroA despeito das incertezas com seu processo de capitalização e problemas de segurança com plataformas, a Petrobras, maior empresa brasileira, lucrou R$ 8,2 bilhões no segundo trimestre de 2010. O resultado ficou muito próximo ao apurado no mesmo período do ano anterior, apesar do aumento das vendas da estatal neste ano. No semestre, contudo, o lucro atingiu R$ 16 bilhões, cifra 11% maior que a dos primeiros seis meses de 2009. O saldo positivo superou a expectativa dos analistas, que calculavam um desempenho inferior entre abril e junho, e dos investidores, que amargaram desvalorização recente nas ações da empresa diante dos receios em torno do aumento de capital aguardado para setembro.

Segundo as previsões do mercado, o lucro da companhia ficaria um pouco abaixo dos R$ 8 bilhões no segundo trimestre. A estatal fechou o primeiro semestre com um endividamento dentro do limite previsto, na casa dos R$ 120 bilhões, segundo números divulgados ontem. Apesar de um aumento de 6% em suas receitas líquidas, para R$ 53,6 bilhões entre abril e junho, a Petrobras viu sua margem operacional ; retorno do negócio ; recuar de 32% para 23% devido à redução nos preços da gasolina e do diesel ainda em junho de 2009. Também afetaram o resultado as paradas em refinarias para manutenção, o que obrigou a importação de combustível, informou o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa.

Defasagem
;O crescimento da receita é fruto da retomada da demanda de diesel no Brasil. Mas por conta das paradas programadas, tivemos que importar mais diesel, com uma margem menor;, disse. Superlativos, os números da companhia surpreendem. No segundo trimestre, entraram no caixa da empresa R$ 15,9 bilhões, mas o saldo destinado a investimentos no período foi ainda maior: R$ 20,3 bilhões. Situação semelhante ocorreu nos primeiros seis meses do ano: geração de caixa de R$ 31 bilhões e aplicações de R$ 38,1 bilhões. Todavia, essa defasagem vem elevando as dívidas da Petrobras. ;Geramos R$ 31 bilhões e investimos R$ 38 bilhões. Estamos financiando investimento com captação;, reconheceu Barbassa.

Daí a necessidade da capitalização da empresa defendido pelo presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, processo cuja concretização é esperada para setembro. Sem os recursos, da ordem de R$ 90 bilhões, a companhia não terá o fôlego suficiente para tocar os projetos de exploração em águas ultraprofundas. ;A companhia está trabalhando para a emissão de ações: para restabelecer sua estrutura de capital;, disse Barbassa. A primeira etapa do processo foi aprovada esta semana pelos acionistas, que aguardam para o fim de agosto a definição da Agência Nacional do Petróleo (ANP) do preço do barril do pré-sal a ser destinado à empresa pela União, seu sócio controlador, como aumento de seu capital.



"A companhia está trabalhando para a emissão de ações: para restabelecer sua estrutura de capital;
Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras




Acordo de cavalheiros
Depois de idas e vindas, disputas e trocas de acusações contra o governo antes do leilão da hidrelétrica de Belo Monte, as maiores empreiteiras do país fecharam um verdadeiro acordo de cavalheiros para tocar o projeto de construção da usina. As construtoras Odebrecht e Camargo Corrêa, rivais em outras duas usinas na Região Amazônica ; Santo Antônio e Jirau, em Rondônia ;, uniram forças com a Andrade Gutierrez e comandarão, juntas, 50% do contrato das obras civis do empreendimento.

A outra metade do consórcio ficará com um grupo de oito construtoras ; Queiroz Galvão, OAS, Mendes Júnior, Contern, Galvão Engenharia, Cetenco, Serveng e J. Malucelli ;, que participaram do leilão de concessão do empreendimento. Segundo informações de fontes ligadas à operação, os custos das obras civis de Belo Monte serão reduzidos em R$ 4 bilhões, atingindo a cifra de R$ 15 bilhões, no total.

Desistência
Antes da realização da licitação, entretanto, Odebrecht e Camargo Corrêa alegaram que o governo subestimou o preço da usina, sustentaram que os custos ficariam próximos de R$ 30 bilhões e desistiram, sob esse argumento, de participar dos dois consórcios que disputariam o empreendimento. Em razão da resistência das empreiteiras, o governo saiu a campo dias antes do leilão para articular a formação de um segundo consórcio e viabilizar a competição em torno da hidrelétrica.

Apesar da reviravolta, a entrada das empreiteiras em Belo Monte é vista com bons olhos no governo, já que elas são empresas de grande porte e têm fôlego para garantir a conclusão do projeto sem grandes percalços. O consórcio original, com pequenas construtoras, poderia enfrentar dificuldades de ordem técnica e financeira para concluir o projeto no prazo previsto, até 2016.

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