postado em 19/08/2010 07:38
No momento em que todas as atenções estão voltadas para a união de forças entre a brasileira TAM e a chilena LAN, com criação da maior companhia aérea da América Latina, o mercado de fusões e aquisições entrou de vez no radar dos investidores. Dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que, só no primeiro semestre, essas operações movimentaram R$ 84,8 bilhões, quantia referente a 59 negócios. O valor representa 71,3% de todas as operações de 2009, além de um crescimento de 43,2% em relação a igual período do ano passado. O destaque foi o aumento de aquisições de empresas estrangeiras por brasileiras.De janeiro a junho, foram feitas 18 operações dessa natureza, com volume correspondente a R$ 39,5 bilhões e percentual de participação de 46,6% sobre o total das operações de fusões e aquisições realizadas no semestre. A maior operação anunciada (R$ 11,6 bilhões) entre janeiro e junho envolveu a participação da brasileira Cosan nas atividades da Shell. Na terceira posição (R$ 7 bilhões), vem a aquisição da Bunge pela Vale. No caminho inverso, a principal participação estrangeira em empresas nacionais foi a venda dos ativos de alumínio da Vale para a norueguesa Norsk Hydro, por R$ 8,5 bilhões.
Na avaliação de Cesar Amendolara, sócio do Velloza,Girotto e Lindenbojm Advogados Associados, escritório especializado em operações de fusão e aquisição, a tendência é que esse tipo de operação continue em expansão no segundo semestre. Segundo ele, a economia brasileira vive o contexto de crescimento da atividade, o que torna natural a busca por oportunidades fora do país. ;Setores como o de commodities e o de alimentos, por exemplo, enxergam a operação no exterior como recurso para manter a rentabilidade e diluir o risco em situação de eventuais safras ruins no Brasil;
Capitalização
Para Bruno Amaral, coordenador do subcomitê de fusões e aquisições da Anbima, a iniciativa dos grandes negócios(1) partiu do Brasil. ;Foi o movimento de empresas do país que levou as fusões e aquisições a baterem recorde no primeiro semestre;, destacou. Amendolara destaca, entretanto, que é preciso cautela ao considerar a comparação com 2009. ;Ao longo dos últimos quatro anos, observou-se forte movimento de abertura de capital nas empresas. Em 2009, em virtude dos efeitos da crise, o ritmo caiu, e voltou a crescer em 2010.;
No primeiro semestre, 18,9%, ou R$ 2,1 bilhões dos recursos captados pelas empresas com emissões de ações no mercado de capitais brasileiro foram destinados à aquisição de participações acionárias. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 9,6%.O banco de investimento JP Morgan é o líder do ranking de intermediação de fusões e aquisições, responsável por coordenar operações de R$ 25,4 bilhões. O brasileiro melhor colocado é o BTG Pactual, na quarta posição.
1 - Extra Eletro muda nome
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorizou o Extra Eletro a abandonar a bandeira da rede em 45 lojas, nas quais passará a usar as marcas Ponto Frio ou Casas Bahia. O negócio entre as empresas fez parte de uma operação maior, envolvendo o grupo Pão de Açúcar, que passou por idas e vindas desde dezembro de 2009, correu riscos de fazer água e voltou a ser negociada em meados deste ano.