Economia

Fornecedores da indústria pedem ajuda para vencer disputas do Pré-Sal

Rosana Hessel
postado em 19/08/2010 07:39
Antes mesmo da capitalização da Petrobras, aguardada para setembro, a indústria nacional do setor de petróleo articula-se fortemente para não perder os bilhões de reais previstos para os investimentos na exploração de petróleo da camada pré-sal ; reservas localizadas a mais de 6.000 metros do fundo do mar. Os empresários esperam manter a obrigatoriedade do índice de conteúdo nacional entre 65% e 70% tanto na perfuração quanto na extração, mas, para isso, precisarão de várias rodadas de negociações com o governo em busca de incentivos para aumentar sua competitividade frente aos fornecedores internacionais. Com demanda garantida e ajuda governamental, eles garantem que conseguem instalar fábricas de equipamentos em curto espaço de tempo.

Presidente da estatal, Gabrielli vê De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, é possível construir uma planta em um ano e meio desde que haja o comprometimento da demanda. ;Os projetos do pré-sal (1) são de longo prazo, de cerca de sete anos até o início da operação do poço. Podemos tranqüilamente nos preparar para isso;, assegurou ele, que sinalizou concordância para redução do percentual de nacionalização apenas na fase de desenvolvimento. ;Nesta etapa não há processo produtivo;, disse.

Barbato, entretanto, reconhece que o mais difícil para o setor hoje é competir com a China, que consegue oferecer produtos de 20% a 40% mais baratos do que os nacionais. Ele apontou como os maiores vilões da competitividade da indústria brasileira velhos gargalos: a elevada carga tributária, o custo brasil e o custo cambial. ;Entendemos que não podemos obrigar a Petrobras comprar da indústria nacional, pagando mais caro, e vamos voltar com novas propostas nas próximas reuniões;, afirmou.

Em Brasília
Os empresários levaram suas dificuldades ao governo durante uma reunião realizada ontem com os ministros Guido Mantega, da Fazenda; Paulo Bernardo, do Planejamento; e Márcio Zimmerman, de Minas e Energia, e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. A pressa para a definição do percentual de nacionalização é grande, uma vez que se espera uma posição sobre o preço do barril do petróleo a ser fixado para o processo de capitalização da Petrobras ainda neste mês. ;A lei exige conteúdo local e o contrato da capitalização deve contar com isso e é preciso estar definido juntamente com o preço antes do processo;, informou Gabrielli.

;A reunião de hoje foi estrutural e muito positiva, de convergência de interesses, na qual foi discutido um conjunto de ações de como desenvolver a engenharia nacional e viabilizar a identificação de custos de matéria prima para a industria nacional, assim como a definição de especificações mais adequadas ao produtor nacional;, completou o executivo da Petrobras, ao deixar o encontro realizado na sede do Ministério da Fazenda. A estatal tem urgência na compra de equipamentos para dar início à exploração dos poços do pré-sal e, para isso, já anunciou US$ 240 bilhões em investimentos até 2014.

1 - Nova rodada
O titular de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deverá definir as áreas a serem oferecidas na 11; rodada de licitações de blocos para exploração e produção de petróleo fora do pré-sal ainda neste mês. As projeções atuais, segundo o ministro, mostram que o país tem uma perspectiva de chegar a uma produção em torno de 5 milhões de barris diários em 2019.

Gastos de R$ 300 bi

A Petrobras gastou, até junho, R$ 300 milhões na perfuração de poços da bacia de Santos em busca do petróleo do pré-sal que será usado no seu processo de capitalização. O gerente de Relações com Investidores da estatal, Alexandre Quintão, explicou que os custos estão sendo contabilizados como contas a receber e serão pagos mais à frente durante um acerto com o governo, após o aumento de capital da companhia. ;Os custos do desenvolvimento relativo aos serviços da ANP (Agência Nacional do Petróleo) estão sendo apropriados como gastos a receber;, disse.

A perfuração tem por objetivo encontrar a reserva que será trocada pelo governo por ações da empresa, em uma operação intermediada por títulos públicos na capitalização da Petrobras. A estatal já encontrou dois prospectos, Franco e Libra, sendo que o primeiro será usado na cessão e o segundo será vendido no primeiro leilão com as áreas do pré-sal de Santos, após a aprovação final do novo marco regulatório do setor pelo Congresso Nacional.

O governo vai ceder até 5 bilhões de barris de petróleo das reservas para a Petrobras e o valor preliminar da operação será conhecido na segunda-feira, quando será divulgado o valor do barril de petróleo ; entre US$ 5 e US$ 10 ; das reservas da União a serem vendidas à estatal na troca indireta por ações no processo de capitalização da estatal. O mercado e a Petrobras torcem por um preço em torno de US$ 6, enquanto a União quer valorizar seus ativos e aumentar a sua participação na companhia, segundo o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, que aposta em valor de US$ 8.

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