postado em 25/08/2010 07:13
A crise econômica, que mostra o seu lado mais perverso na falta de emprego, está minando a aprovação ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Pesquisa da Reuters/Ipsos mostra que quase três quartos dos norte-americanos (72%) estão muito preocupados com o desemprego. E hoje o número de pessoas que desaprovam Obama (52%) já é maior do que aquelas que aprovam (45%). No levantamento, 67% dos entrevistados se disseram ainda muito preocupados com os gastos do governo.A coleção de números ruins, coroados pela taxa de desemprego de 9,5%, estão dilapidando o apoio aos Democratas ; partido do presidente ; e dragando a popularidade de Obama apenas 20 meses depois de sua posse na Casa Branca, em meio a uma onda de esperança de que conseguiria reverter a intensa crise mundial iniciada em 2007.
E o presidente está sem muito tempo para mudar o humor dos norte-americanos. Em novembro, ocorrem as eleições parlamentares. A pesquisa deixa claro que 46% dos eleitores hoje votariam em candidatos republicanos, enquanto 45% ainda escolheriam membros do Partido Democrata. Para dar uma guinada na economia, Obama precisa do Congresso ; hoje, Senado e Câmara dos Deputados são dominados pelos Democratas.
Empolgado com o resultado da pesquisa, o líder do Partido Republicano na Câmara dos Deputados, John Boehner, não perdeu tempo e pediu a renúncia da equipe econômica do presidente Barack Obama, incluindo o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Summers. Em um discurso tipicamente de campanha, Boehner afirmou: ;É hora de colocar os adultos no comando;. E pediu um novo começo para a economia.
Para o especialista em pesquisas da Ipsos Cliff Young, a economia é o calcanhar de aquiles de Obama e sua administração. ;Por um tempo, os eleitores deram-lhe o benefício da dúvida. Ele herdou uma situação econômica muito delicada e eles estavam dispostos a dar esse tempo;, disse Young. ;Mas a paciência basicamente desapareceu.;
Young lembrou que a queda na aprovação de Obama já dura três meses, caracterizando uma tendência capaz de prejudicar as eleições dos Democratas em novembro, apesar de algum progresso econômico obtido depois da profunda recessão.
Avaliação
O escritório de Orçamento do Congresso norte-americano (CBO), uma instituição apartidária, calcula que o estímulo dado via gastos públicos impulsionou o crescimento econômico entre 1,7% e 4,5% no segundo trimestre deste ano. O CBO disse ainda que a lei de incentivos de 2009 também criou ou salvou de 1,4 milhão a 3,3 milhões de empregos nesse trimestre.
Mas para 78% dos norte-americanos entrevistados, o partidarismo estava impedindo o funcionamento eficaz de Washington. Uma avaliação peculiar, uma vez que o Congresso, controlado pelos Democratas, aprovou alguns projetos polêmicos, como a reforma da saúde e a reestruturação do setor financeiro.
Em meados de setembro, quando o Congresso retornar das férias de verão, os parlamentares terão que decidir se mantém os cortes de impostos promovidos pelo ex-presidente George W. Bush e que terminam no fim do ano. Sem orientação, os congressistas se dividem: 54% têm como alta prioridade a redução do deficit orçamentário norte-americano, enquanto 49% disseram que os cortes de impostos de Bush devem ser estendidos para todos os cidadãos, o que poderia levar a perdas significativas de receitas a longo prazo.