Economia

Números ruins dos EUA afetam centros financeiros em todo o mundo

Vera Batista
postado em 25/08/2010 07:15
Investidores assimilaram negativamente dados sobre a habitaçãoOs mercados financeiros mundiais enlouqueceram ontem com as péssimas notícias sobre a economia dos Estados Unidos. Entre os dados ruins da maior potência mundial, o pior foi, sem dúvida, a queda vertiginosa na venda de casas. O índice que despencou 27,2% em julho, na comparação com junho, atingindo níveis de 1995. A tensão cresceu acima do esperado porque os preços das moradias seguem em alta após o fim de um crédito tributário para os compradores de imóveis. Além disso, o mercado vive a expectativa de dados desfavoráveis sobre o Produto Interno Bruto (PIB) americano, aguardados para sexta-feira. O conjunto de fatores fez bolsas de valores globais desandarem.

No Brasil, o Ibovespa, índice mais negociado na BM, caiu 1,25%, atingindo 65.156 pontos. O indicador Dow Jones, na Bolsa de Nova York, afundou 1,32%. Na Europa, Paris registrou com perdas de 1,74%. Madri encerrou com baixa de 1,65%. Londres e Frankfurt cederam, respectivamente, 1,5% e 1,25%. Na Ásia, Xangai foi exceção, com alta de 0,41%. Mas Hong-Kong caiu 1,1% e Tóquio perdeu 1,33%, nível mais baixo em 15 meses. As declarações do Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, trouxeram mais apreensão. Ele alertou que há um risco de novo ciclo de recessão europeu.

No mercado doméstico, pesou mais o cenário político. Na avaliação de Marcelo Coutinho, sócio-presidente da YouTrade, ;o dia foi quase normal, em um mercado que se encontra sem direção;. Os investidores aproveitaram o clima de aversão ao risco e procuraram mais segurança em ativos de renda fixa, poupança ou fundos de investimentos. ;Observe que a Bolsa registrou mais de 412 mil negócios e volume de quase R$ 5 bilhões. Sinal de que a queda de hoje (ontem) não foi um alarde, e sim mudança de posição. Até porque as blue chips (ações mais negociadas) vêm sofrendo intenso desgaste;, explicou.

Queda livre
Os papéis da Petrobras e da Eletrobras, que passam por processo de capitalização (leia mais sobre o tema na página 13), são os que mais sofrem em razão do ;impacto noticioso em ano eleitoral;, assinalou Coutinho. Apenas ontem, as ações ON (com direito a voto) da Petrobras caíram 2,05%. Este ano, o baque já é de 27,65%. As ações PN (sem esse direito) cederam 1,95%, com perdas de 27,18% em 2010. As ações ON da Eletrobras, ontem, subiram 0,82%. No ano, porém, perderam 13,3%.

Pesquisa da Consultoria Economatica, em 751 empresas, apontou Petrobras e Eletrobras como as que registraram maior queda nominal de mercado entre as companhias de capital aberto da América Latina, este ano, até 23 de agosto. A estatal do petróleo, no fim de 2009, valia em bolsa US$ 199,3 bilhões. Fechou, na segunda-feira, a US$ 143,1 bilhões, queda de US$ 56,2 bilhões ou 28,2 %, no período. Se comparada às empresas americanas, ficou com a segunda maior perda, atrás apenas da Microsoft, que perdeu US$ 60,5 bilhões no mesmo período.

Reação ao iene
Perto da gigante brasileira de petróleo, a Eletrobras registrou um baque de 36,1%, ou US$ 8,3 bilhões, no seu valor de mercado. No fim do ano passado, valia US$ 23 bilhões. Em 23 de agosto, despencou para US$ 14,7 bilhões. As duas brasileiras, no fim de 2009, tinham valor de mercado de US$ 222,3 bilhões contra US$ 157,8 bilhões, no início da semana ; queda de US$ 64,5 bilhões, ou 29%. No mercado de câmbio, o dólar teve sutil queda de 0,17%, cotado a R$ 1,765. Mas frente ao euro e ao iene, a moeda americana perdeu força. A divisa do Japão chegou ao nível mais alto em 15 anos contra o dólar, em meio ao temor de intervenção do governo daquele país no câmbio.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação