Economia

Hoggar tem motor valente, visual esportivo e a maior caçamba do segmento

Eduardo Aquino
postado em 26/08/2010 08:00
Como todo mercado, o brasileiro também tem suas peculiaridades. E uma delas é a demanda por picapes pequenas, derivadas de peruas que, por sua vez, foram criadas a partir de hatches compactos. De olho nessa fatia ; de 162 mil unidades em 2009 ;, a Peugeot resolveu desenvolver a sua, mas não se baseando apenas na linha 207, mas também no utilitário Partner. Mas esse trabalho não levou em consideração algumas nuances de mercado. Como assim? É que a Hoggar (pronuncia-se ô-gár) tem apenas cabine simples e as versões mais vendidas da Fiat Strada, líder do mercado, são a cabine estendida (45%) e a dupla (25%). De qualquer forma, a picapinha francesa tem outros atrativos, como a maior caçamba e o bom fôlego do motor 1.4, que equipa a versão XR.

Como toda a linha 207, a Hoggar herdou a grande tomada de ar, que incorpora o para-choque; a frente mais ;nariguda;, em que fica estampado o símbolo do leão; e os faróis espichados de duplo refletor, que, na versão XR, têm fundo preto; faróis de neblina; e a inconfundível tomada de ar dupla no lado direito do capô (que vem desde o primeiro 206). Nas laterais, destacam-se as barras no teto, incorporadas ao santantônio e com duas lâminas, também na cor cinza; os frisos pretos; as fechaduras e os retrovisores na cor preta; as calotas imitando rodas de liga; o apoio para os pés, que facilita o acesso à caçamba; o para-lama traseiro saliente; e os pneus de uso misto, que permitem pequenas aventuras na terra, já que a altura do solo também ajuda. Mas, nesse caso, falta grade protetora para o radiador.

A vantagem de ser a última ; a Hoggar é o projeto mais recente do segmento das picapes pequenas ; é que se pode estudar os adversários. E a Peugeot resolveu atacar na caçamba, criando, com alguns elementos herdados do furgão Partner (caixas de roda, piso da caçamba, longarinas, suspensão e eixo traseiro), a maior do segmento, tanto em capacidade de carga útil (742kg na versão X-Line, e de 660kg na XR) como em volume (1.151 litros).

A versão XR (veja na página 6 as ;impressões ao volante; da versão Escapade 1.6) tinha protetor de caçamba, 10 ganchos para fixação de carga e capota marítima, que ajuda a esconder a carga dos olhares dos amigos do alheio. Mas falta protetor de cabine, item importante para evitar a invasão do habitáculo pela carga. As lanternas traseiras, grandes e bem visíveis, foram herdadas do monovolume europeu 1007; a janela de trás é corrediça, o que ajuda a refrescar e arejar o habitáculo; o para-choque tem dois apoios para o pés, um de cada lado; e a tampa traseira tem chave, que serve para impedir o acesso ao destravamento do estepe, que, infelizmente, fica debaixo da caçamba, o que torna a troca um trabalho mais sujo e complicado.

Com 4,52m de comprimento e 1,52m de altura, a picape é maior e a mais alta na comparação com as rivais Montana, Strada e SaveiroSe o espaço para carga na caçamba é amplo, por dentro não se pode dizer o mesmo. Assim como o hatch 207, o espaço na cabine não é dos melhores e atrás dos bancos cabem apenas bolsas e mochilas para uma viagem curta, embora existam três redes para pequenos objetos, muito úteis para evitar que eles fiquem rolando de um lado para o outro.

O interior tem acabamento na cor preta, com detalhes em cinza claro (na moldura dos comandos dos vidros, nos aros dos instrumentos do painel e no pomo da alavanca de marchas) e cinza-escuro (nos painéis de porta). Os bancos, que são revestidos em tecido de toque agradável e de bom-gosto, prendem bem o corpo, mas são um pouco curtos e não apoiam bem as pernas. Como nas outras picapes pequenas, a visibilidade traseira também não é boa, pois o vidro traseiro é pequeno, a caçamba é alta e os retrovisores externos não são grandes. Os comandos os vidros estão mal posicionados, no console.

O motor 1.4, de oito válvulas, tem bom fôlego e consegue agradar tanto àqueles jovens que gostam de picapes como veículos de passeio quanto àqueles que precisam colocar peso na caçamba, com boas arrancadas e retomadas, além de ser bem econômico. Mas é um pouco áspero acima das 3.500rpm. O câmbio tem engates precisos, mas o curso da alavanca é longo e existe um ;buraco; (queda de rotação) entre a primeira e a segunda marchas.

Embora barulhenta, a suspensão consegue um bom equilíbrio (dentro do possível para uma picape, que fica um pouco desconfortável quando descarregada) entre conforto e estabilidade. A direção hidráulica está bem calibrada, mas o diâmetro de giro grande não ajuda muito nas manobras.

O ponto negativo da versão testada é a falta de alguns itens de segurança, como freios ABS (não disponíveis em nenhuma versão), protetor de cabine (de série só na Escapade 1.6) e airbag (não disponível na versão XR).

O número
R$ 35.350

Preço da versão testada XR



Impressões ao volante

Marcelo Tokarski


Equilíbrio entre pecados e virtudes. Assim se poderia definir a Hoggar, modelo que marca a estreia da francesa Peugeot no mercado brasileiro de picapes pequenas. De positivo (na outra versão avaliada pelo Correio, a Escapade), há o visual esportivo, o excelente desempenho do motor 1.6 (110/113cv), o câmbio preciso e o bom acabamento dos materiais internos. De negativo, o alto nível de ruídos (além da sinfonia provocada pela suspensão e pelo revestimento da caçamba, o painel da unidade avaliada apresenta um irritante grilo com menos de 10 mil quilômetros rodados) e o pouco espaço na cabine (não oferece a versão estendida, como suas principais concorrentes).

No entanto, a dirigibilidade chama a atenção. A direção é firme na medida certa, o câmbio oferece engates precisos e o motor empurra bem o conjunto. Apenas os pneus de uso misto causam certo desconforto no uso urbano, fato comum nesse tipo de veículo de uso misto.

A ergonomia, no entanto, tem pequenas falhas. O acionamento dos vidros, por exemplo, é malposicionado, no controle central. Além da má visibilidade traseira, muito comum nas picapes, a coluna lateral atrapalha demais a visibilidade, criando um grande ponto cego para o motorista.

Pesados prós e contras, a Hoggar estreia bem, mas fica devendo a cabine estendida e um maior cuidado no acabamento para reduzir o alto nível de ruídos.


Ficha - Peugeot Hoggar 1.4

; MOTOR

Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, 1.360cm; de cilindrada, 80cv (gas) e 82cv (alc) a 5.250rpm e torque máximo de 12,8kgfm a 3.250rpm.

; TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades.

; SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, rodas independentes e pseudo McPherson; e traseira, rodas independentes, barras de torção transversais e barra estabilizadora / 5,0 x 14 polegadas, em aço / 175/70 R14 H.

; DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica.

; FREIOS
A disco (sólido) na dianteira e tambor na traseira, sem ABS (nem como item opcional).

; CAPACIDADES
Tanque, 55 litros; do vão de carga interna, 120 litros (até o nível da caçamba); de carga e volumétrica da caçamba, 660kg e 1.151 litros, respectivamente.

; EQUIPAMENTOS DE SÉRIE
Conforto/conveniência ; Indicador de manutenção, aviso sonoro de esquecimento da chave na ignição, luzes acesas e do nível do combustível, banco do motorista com regulagem de altura, bancos revestidos em tecido, coluna de direção com regulagem de altura, direção hidráulica, sistema siga-me, janela traseira corrediça, espelhos de cortesia nos para-sois, porta-luvas com suporte para copos, preparação para som, relógio digital, tomada de 12V e tampa da caçamba removível. Aparência ; Vidros verdes, barras no teto, calotas esportivas, degraus laterais, faróis com fundo preto, frisos laterais e espelhos retrovisores na cor preta. Segurança ; Faróis e lanterna traseira de neblina, protetor do cárter e tampa da caçamba com chave.

; OPCIONAIS
Ar-condicionado, chave com duplo telecomando e localizador do veículo, travamento automático das portas a 20km/h, trava elétrica da portas e comando elétrico dos vidros dianteiros.

QUANTO CUSTA
Versão XR 1.4: R$ 35.350
Versão Escapade 1.6: R$ 43.500

Leia mais no caderno Veículos desta quinta-feira, no Correio Braziliense

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