postado em 26/08/2010 11:51
Maputo (Moçambique) ; O nono dia de greve dos funcionários públicos sul-africanos foi marcado por passeatas e sons de vuvuzelas. Milhares de grevistas marcharam por várias cidades nesta quinta-feira (26/8) com faixas, cartazes e também soprando as cornetas que ficaram famosas durante a última Copa do Mundo, promovida no país.As passeatas foram pacíficas. No centro de Joanesburgo, centenas de professores dançavam durante as manifestações. Ao contrário da semana passada, não houve confronto com a polícia, que acompanhava o protesto em grande número. Várias escolas estão fechadas e os exames de meio de ano terão de ser remarcados.
Em Bloemfontein, enfermeiros marcharam com camisetas coloridas e com cartazes com mensagens como ;Nos comportamos bem durante a Copa. Agora nos deem 8,6%;.
Para evitar interrupção nos atendimentos hospitalares, militares foram deslocados para trabalhar as unidades. Fontes oficiais atribuem à greve a morte de seis pessoas na semana passada, por falta do devido atendimento. Mas até grupos militares já anunciaram que podem aderir à paralisação.
O atendimento também foi afetado nos postos de imigração. Entrar e sair da África do Sul leva mais tempo que o habitual porque o número de atendentes é pequeno. Na fronteira com Moçambique, por exemplo, somente dois guichês funcionavam nesta quinta-feira de manhã.
;Levei uma hora para fazer algo que normalmente demora dez minutos;, diz Isaura Macedo Pinto, moçambicana que foi à cidade sul-africana de Neusprit para uma consulta médica. ;Soube de pessoas que demoraram duas horas para cruzar a fronteira hoje;. A viagem entre Maputo e Neusprit, que costuma demorar cerca de uma hora e meia, levou quase o dobro do tempo.
O porta-voz do governo sul-africano Themba Maseko disse, em entrevista coletiva, que existe a possibilidade de as negociações serem reabertas. Até agora, a oferta de 7% de reajuste e auxílio-moradia de R700 (cerca de R$ 168) foi apresentada como final. Os sindicatos querem 8,6% e benefício de R1000 (R$ 240).
A maior central sindical sul-africana, Cosatu (sigla em inglês para Congress of SA Trade Unions), anunciou que, caso as conversas não avancem até semana que vem, pode decretar uma greve geral, com o envolvimento de categorias da iniciativa privada.