Economia

EUA contra a recessão

Bernanke admite que economia desacelerou mais do que o esperado e afirma que o Fed está pronto para agir

postado em 28/08/2010 08:00
Jackson Hole, Estados Unidos ; O presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse ontem que a recuperação dos Estados Unidos desacelerou mais que o esperado e que o Fed está pronto para tomar mais medidas, se for necessário, para sustentar a economia(1). ;O comitê está preparado para fornecer um estímulo monetário adicional através de medidas não convencionais, se for necessário, especialmente se as perspectivas se deteriorarem de forma significativa;, destacou em discurso durante uma conferência do Fed. Bernanke afirmou que a compra de ativos de prazo mais longo pelo Banco Central norte-americano tem sido eficaz na redução dos custos de financiamento e disse acreditar que os benefícios de adquirir mais ativos como esses, se necessário, superariam quaisquer desvantagens. Outras opções ; como o compromisso de manter o juro excepcionalmente baixo por um período ainda maior ou a elevação das metas de inflação do Fed ; seriam menos eficazes, acrescentou. Porém, Bernanke deixou claro que o Fed não decidiu o que provocaria a adoção de um estímulo adicional. ;Nessa conjuntura, o comitê não acertou um critério específico ou gatilhos para ações futuras;, disse. Desaquecimento O presidente do Fed fez essas declarações depois da divulgação de um relatório do Departamento do Comércio revisando para baixo o crescimento econômico dos Estados Unidos e admitindo uma desaceleração maior do que a estimada inicialmente no segundo trimestre, puxada pelo maior aumento de importações em 26 anos. De acordo com o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu à taxa anualizada de 1,6%, em vez da expansão de 2,4% calculada no mês passado. Com isso, a economia norte-americana subiu 3,7% nos primeiros três meses do ano. ;Não há dúvida de que nós estamos perdendo velocidade na recuperação econômica;, disse Robert Dye, economista-sênior da PNC Financial Services, em Pittsburgh. ;Mas se nós definirmos recessão como dois ou mais trimestres consecutivos de declínio do PIB, eu acho que não vamos chegar a isso. Nós veremos um padrão em que podemos ter declínio do PIB em um trimestre, seguido de ganhos menores no trimestre seguinte.; Além do crescimento menor, também caiu a confiança do consumidor no fim de agosto em relação ao início do mês. A leitura final de agosto foi de 68,9, abaixo da leitura de 69,6 do começo do mês, mas acima dos 67,8 do fim de julho. 1 - FMI avalia economia dos Estados Unidos Uma importante autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que os fortes lucros empresariais e o crescimento moderado de renda devem impedir que a economia dos Estados Unidos caia em uma nova recessão. ;Continua sendo mais provável a continuação de uma recuperação moderada ; ênfase no ;moderada;;, disse John Lipsky, primeiro vice-diretor-gerente do FMI, nos corredores da reunião anual do Fed, em Jackson Hole. Medidas no Japão Tóquio ; O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, anunciou que decidirá na próxima semana medidas para contra-atacar os efeitos nefastos da disparada do iene sobre a saúde econômica do país. ;Levando em conta a alta do iene e a difícil situação econômica, vamos decidir em 31 de agosto novas disposições e trabalhar para sua aplicação;, afirmou Kan. O iene está em seu nível mais alto dos últimos 15 anos frente ao dólar e se aproximou de um recorde em nove anos ante o euro. Sua disparada ameaça a frágil saúde econômica do Japão. ;Estou plenamente consciente de que os movimentos excessivos no mercado cambial têm consequências negativas para a estabilidade econômica e financeira;, assinalou Kan. ;Utilizaremos meios decisivos em seu devido tempo;, acrescentou, em uma frase que soou como uma ameaça de intervenção direta no mercado cambial para diminuir o valor do iene. O Banco do Japão está considerando fazer uma reunião de emergência no começo da próxima semana para aliviar a política monetária. A opção mais provável é de expandir a oferta de recursos adotada em dezembro, sob a qual oferece até 20 trilhões de ienes (US$ 234 bilhões) em empréstimos de três meses aos bancos a 0,1%, acrescentou a fonte.

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