Economia

Firmas de cobrança têm ferramentas sofisticadas para encontrar devedores

Vera Batista
postado em 29/08/2010 08:29
As empresas de crédito e cobrança lançam mão de ferramentas cada vez mais especializadas para ir à caça dos inadimplentes, onde quer que eles estejam. Quem não se preveniu e gastou mais do que podia não conseguirá fugir dos credores por muito tempo. Vai ficar ainda mais atolado nas dívidas e com o nome sujo na praça, se não seguir regras básicas para desafogar o orçamento.

O descontrole começou, segundo especialistas, com o aquecimento da economia, quando o acesso ao crédito expandiu-se para as classes C, D e E, que só recentemente passaram a lidar, sem muita experiência, com financiamentos de todos os tipos. Empolgaram-se com as baixas prestações, ultrapassaram o poder de compra e agora nadam em dívidas.

Pesquisas da Confederação Nacional do Comércio (CNC) denunciam que 60% dos brasileiros estão endividados. Dados divulgados pela sonsultoria Serasa Experian comprovam que a inadimplência cresceu 3,9% em julho de 2010, em comparação a julho de 2009. Esses estudos acenderam o sinal de alerta das empresas de análise e recuperação de crédito, que contrataram sofisticados sistemas, com inúmeras fontes de informações.

Se o devedor casou e mudou de endereço ou trocou os números de telefones fixo e celular, ainda assim será localizado, como comprova a companhia ZipCode, que está há 10 anos no mercado e acaba de chegar à Região Centro-Oeste, com a atualização da ferramenta ZipOnline para versão 2.0, que dá acesso rápido a mais de 148 milhões de cadastros de pessoas físicas e 19 milhões de empresas.

Em Brasília, a solução será mais utilizada nos créditos consignados (descontados na folha de pagamento) para aposentados, pensionistas e funcionários públicos. Por lei, a parcela mensal do consignado não pode ultrapassar 30% da remuneração. ;Mas muitos tomam financiamento em mais de um banco. Fica difícil para a empresa que analisa o crédito saber se ainda há margem para emprestar. A ferramenta, nesse caso, é fundamental;, explica Arthur Guitarrari, gerente de Novos Negócios da ZipCode.

A advogada Karla França, gerente da Leal Cobranças, garante que a negociação das dívidas e o êxito nos acordos registraram melhora de 30% com o ZipOnline. Disse que ficou muito mais simples localizar os clientes e sanar eventuais dúvidas. ;É essencial a participação do operador, frisando a importância da regularização;, destaca Karla.

Saída menos dolorosa
A pressa em pagar as dívidas e limpar o nome para voltar a consumir é uma das grandes inimigas dos endividados, assegura Miguel Ribeiro Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A primeira medida é fazer as contas, procurar o credor ; e não a empresa de cobrança ; e explicar honestamente que não há condições de honrar aqueles compromissos, a menos que o prazo seja alongado.

Na hora de negociar, exija o detalhamento da dívida. ;Veja o que pode ser abatido. Muitas vezes estão ali incluídos juros de mora que podem chegar a 20%, taxa de permanência (cobrada nos contratos em atraso) e honorários advocatícios de 10% a 20%;, ensina Oliveira.

A maioria não conhece os seus direitos. Os honorários do advogado, por exemplo, só devem ser pagos se o juiz determinar. E as multas não devem ultrapassar os 2% do valor do débito. ;Esses detalhes já vão dar uma folga. Se a dívida é de R$ 1 mil, 2% representam R$ 20, enquanto 20% são R$ 200;, ilustra . A base do raciocínio deve ser o valor devido. Se deixou de pagar R$ 100, por dois meses, não pode ser obrigado a pagar R$ 500, com juros, no terceiro mês. ;Alguma coisa deve estar errada;, alerta o representante da Anefac.

Para o economista César de Oliveira Frade, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), o cidadão deve entender que pagará muito caro por dinheiro pré-aprovado ; aquele que está disponível na conta corrente. Se não resistir e lançar mão do que não é seu, a forma mais imediata de corrigir é trocar uma dívida mais cara (cartão de crédito ou cheque especial, com juros de 7% a 12% ao mês), por uma mais barata, como o CDC e o crédito consignado.

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