Economia

Madoff mineiro leva vida de rei

Sandra Kiefer
postado em 29/08/2010 08:34
Faz mais de um mês que Thales Maioline sumiu. Ele fugiu levando R$ 86,1 milhões do fundo de investimentos Firv e deixou perplexos mais de 2 mil investidores, que nele confiaram suas economias. Golpe maior ainda foi aplicado na família Maioline. Desde o estouro do escândalo financeiro, eles se trancaram dentro da própria casa, protegida por alarmes de segurança. Sob ameaça de credores, não abrem a porta a estranhos, não atendem ligações de números desconhecidos e nem saem a pé pelas ruas do bairro onde moram, em Belo Horizonte. Tiveram os celulares grampeados, contas bancárias bloqueadas e estão com nome sujo na praça. Vivem em verdadeira prisão domiciliar, enquanto o culpado está foragido da Justiça.

Até agora, não há um único vestígio do paradeiro do Madoff mineiro, apelido dado a Thales em referência ao ex-investidor de Wall Street Bernard Madoff, condenado por esquema bilionário de pirâmide financeira nos Estados Unidos.

Recado
Sufocada, a família aceitou conversar pela primeira vez com a imprensa, com exclusividade para o Correio/Estado de Minas. Tentam mandar um recado a Thales, quem sabe convencê-lo a se entregar à polícia e a pagar o que deve. ;O que sempre ensinei para o meu filho foi que um homem deve arcar com a responsabilidade dos seus atos e nunca fugir covardemente. Caso seja preso, no dia que for libertado, serei a primeira pessoa a ajudá-lo a recomeçar;, desabafa o pai, Iano Maioline, hoje envergonhado de voltar a Araçuaí, sua cidade de origem, onde a Firv lesou 150 pessoas.

Sob o efeito de antidepressivos, Maria Aparecida Oliveira dos Santos, mulher de Thales, chorou uma única vez o desaparecimento do marido, quando a filha do casal, de 1 ano e 10 meses, reclamou a ausência do pai. Dele, a menina guarda um enorme coelho da Turma da Mônica, presente trazido do Chile, em uma das muitas viagens bancadas pelo dono da Firv. Este ano, o empresário fez um cruzeiro marítimo pela América do Sul, sem levar a esposa e a filha. Fotos revelam um arrojado estilo de vida: ele aparece pilotando jet-ski, brinda com champanhe e dança tango com uma bailarina em Buenos Aires. ;Nem me importo de saber das amantes de Thales, que significam pouco perto da bomba que ele deixou para trás;, diz a esposa, que segue sobrevivendo do saldo da conta bancária, hoje reduzido a R$ 23 mil.

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