Economia

Família de Bin Laden toca a vida no Brasil

Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 29/08/2010 08:38
O poderio de um dos grupos econômicos mais fortes do mundo ; o Saudi Binladin Group (SBG) ; fundado pelo pai do terrorista Osama Bin Laden, não foi capaz de deter a ação de grileiros no oeste da Bahia. Ali, em Côcos, o irmão do homem mais procurado do mundo e herdeiro do SBG, Khalil Mohamed Awad Binladin, desistiu do investimento feito para plantar soja na Fazenda Vereda da Cruz, no distrito rural de Rio do Meio, no município baiano. Khalil é um dos 52 irmãos de Osama.

O pai de ambos, Mohammed bin Awad Binladin, fundou o grupo empresarial, principal da Arábia Saudita, que movimenta cerca de US$ 5 bilhões por ano e se destaca pelas estreitas ligações com a família real saudita e pelas faraônicas obras de construção, além de atuar em diferentes ramos, da aviação a segmentos de diversão. O interesse de Khalil no oeste baiano deve-se a dois motivos. O primeiro é afetivo, pois é casado com a brasileira Isabel Cristina Castanheira Bayma, de quem é sócio na empresa Khalisa Agroindustrial, com sede registrada em uma sala comercial no oitavo andar do Edifício Tiffany, no Bairro Cidade Nova, em Belo Horizonte. O segundo motivo é referente ao potencial da região baiana, conhecida como nova fronteira da soja.

De acordo com pessoas ligadas a Khalil, a invasão da terra é considerada muito grave para a tradição muçulmana. Quando ele teve notícia de que o investimento que fez estava sendo grilado por pessoas da região, perdeu o entusiasmo inicial. ;Para uma pessoa com a ideologia dele, é inconcebível que alguém invada a terra de uma outra. Ele ficou extremamente chateado e descrente com o investimento;, afirma um conhecido do saudita. Criada em 20 de setembro de 2003, a empresa tem 49% do capital nas mãos de Isabel e outros 49% nas da Shakura International Marketing Co. A Shakura, por sua vez, é sediada em Jedá, na Arábia Saudita. Cerca de 85% de suas ações são de Khalil e o restante, de Maria Manuel Ferreira Bayma, irmã de Isabel.

Esperança
Devido ao difícil acesso à propriedade, a reportagem recorreu a um morador da região, capaz de se guiar pelas estradas vicinais, verdadeiros labirintos. Dois funcionários ficam na sede da fazenda e são responsáveis pela guarda de uma área de cerrado, cercada de várias nascentes e veredas. Porém, no local atualmente estão apenas os dois funcionários, ladeados por um trator e maquinário abandonados.

O entusiasmo de Khalil não durou muito. O enfrentamento da tentativa de grilagem e as dificuldades de levar adiante o empreendimento, devido à precária infraestrutura ; a principal é a falta de estradas ;, desanimaram o irmão de Osama. Na região, ainda há esperança de que o empresário saudita retome o projeto. ;A minha expectativa é que o Khalil volte a investir aqui, para gerar mais emprego e renda para a gente;, sonha Ivancarlos Lopes, vizinho da fazenda e um dos que venderam terras para a Khalisa Agroindustrial. A reportagem tentou por diversas vezes entrevistar Khalil e Isabel. O casal não quis falar, alegando que a equipe invadiu a fazenda para fotografá-la.

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