Agência France-Presse
postado em 30/08/2010 09:31
O governo japonês anunciou nesta segunda-feira (30/8) que prepara um novo plano de estímulo econômico de 920 bilhões de ienes (11 bilhões de dólares) para proteger sua frágil recuperação e frear o impacto da alta cotação de sua moeda."Estabelecemos um plano básico que contempla emprego, investimentos, educação, combate aos desastres naturais nos municípios e reformas regulatórias", explicou à imprensa o primeiro-ministro Naoto Kan. Segundo ele, o objetivo é criar mais atividade.
Com esta meta em mente, o governo japonês utilizará 920 bilhões de ienes dos "fundos de reserva", segundo Kan.
O Japão enfrenta atualmente uma desaceleração da reativação econômica, iniciada em meados de 2009.
O principal problema é a cotação do iene, que evolui atualmente no nível mais alto dos últimos 15 anos em relação ao dólar, aproximando-se também de um recorde em relação ao euro.
Pressionado pelo empresariado e preocupado com a situação dos mercados, o primeiro-ministro Kan havia prometido na semana passada medidas para combater os efeitos nefastos da disparada do iene sobre a saúde econômica do país.
"Caso seja necessário, o governo recorrerá a um novo estímulo orçamentário", indicou Kan.
Um dos maiores temores em relação à atual conjuntura é que as exportações sejam prejudicadas, uma vez queo iene alto deixa menos competitivas as companhias japonesas. "Queremos agir rapidamente, utilizando dois pilares: o estímulo orçamentário e a flexibilização monetária", acrescentou o primeiro-ministro, referindo-se às medidas anunciadas algumas horas antes pelo Banco do Japão (BoJ).
De fato, o Banco do Japão anunciou nesta segunda-feira uma extensão de seus dispositivos de flexibilização monetária para combater o impacto da força do iene, em uma reunião extraordinária na qual manteve inalterada sua principal taxa de juros em 0,1%.
O BoJ decidiu também oferecer novos empréstimos excepcionais de seis meses de duração, através de operações especiais de injeção de fundos, com o objetivo de reduzir os tipos dos mercados e distender os circuitos financeiros. Outros mecanismos com o mesmo fim também serão colocados em prática.
Embora saudadas pelo governo japonês, muitos analistas estimam que o impacto das novas medidas será limitado, e que outros instrumentos serão necessários.
O impacto econômico destas decisões será "próximo a zero", afirmou o especialista Richard Jerram, do Macquarie Bank. "As medidas do BoJ não adiantarão para dinamizar muito a economia, considerando a debilidade da demanda de empréstimos em um contexto de pessimismo", julgou por sua vez o analista Yoshikiyo Shimamine, do Dai-ichi Life Research Institute.
Os investidores receberam com prudência o anúncio do Banco do Japão, com a Bolsa de Tóquio encerrando o pregão desta segunda-feira com o índice Nikkei ganhando 158,20 pontos ( 1,76%), a 9.149,26 unidades.