Economia

Japão libera mais US$ 11 bilhões para conter alta do iene

Governo anuncia plano para estimular a economia, aumentar o emprego e os gastos em infraestrutura

postado em 31/08/2010 08:01
Tóquio ; O governo japonês prepara um novo plano de estímulo econômico de 920 bilhões de ienes (US$ 11 bilhões) para proteger sua frágil recuperação e frear o impacto da alta cotação de sua moeda. ;Estabelecemos um plano básico que contempla emprego, investimentos, educação, combate aos desastres naturais nos municípios e reformas regulatórias;, explicou o primeiro-ministro Naoto Kan. Segundo ele, o objetivo é criar mais atividade. Os 920 bilhões de ienes sairão dos ;fundos de reserva;.

O Japão enfrenta atualmente uma desaceleração da atividade econômica, iniciada em meados de 2009. O principal problema é a cotação do iene, que está atualmente no nível mais alto dos últimos 15 anos em relação ao dólar, aproximando-se também de um recorde em relação ao euro.

Primeiro-ministro Naoto Kan reconhece que crescimento econômico está desacelerando e admite gastos adicionaisPressionado pelo empresariado e preocupado com a situação dos mercados, o primeiro-ministro Kan havia prometido na semana passada medidas para combater os efeitos nefastos da disparada do iene sobre a saúde econômica do país. ;Caso seja necessário, o governo recorrerá a um novo estímulo orçamentário;, declarou Kan.

Política monetária
Um dos maiores temores em relação à atual conjuntura é que as exportações sejam prejudicadas, uma vez que o iene alto deixa menos competitivos os produtos japoneses. ;Queremos agir rapidamente, utilizando dois pilares: o estímulo orçamentário e a flexibilização monetária;, acrescentou o primeiro-ministro, referindo-se às medidas anunciadas algumas horas antes pelo Banco do Japão (BoJ).

O BoJ anunciou a extensão de seus dispositivos de flexibilização monetária para combater o impacto da força do iene, em uma reunião extraordinária na qual manteve inalterada sua principal taxa de juros em 0,1%. O Banco do Japão decidiu também oferecer novos empréstimos excepcionais de seis meses de duração, através de operações especiais de injeção de recursos.

Outros mecanismos com o mesmo fim também serão colocados em prática. Embora saudadas pelo governo japonês, muitos analistas estimam que o impacto das novas medidas será limitado e que outros instrumentos serão necessários. O impacto econômico desstas decisões será ;próximo a zero;, afirmou o especialista Richard Jerram, do Macquarie Bank.

;As medidas do BoJ não adiantarão para dinamizar muito a economia, considerando a debilidade da demanda de empréstimos em um contexto de pessimismo;, julgou por sua vez o analista Yoshikiyo Shimamine, do Dai-ichi Life Research Institute. Os investidores receberam com prudência o anúncio do Banco do Japão, com a Bolsa de Tóquio encerrando o pregão de ontem com o índice Nikkei ganhando 158,20 pontos ( 1,76%), a 9.149,26 unidades.


BCE REDUZ COMPRA DE BÔNUS
O Banco Central Europeu (BCE) desacelerou suas compras de bônus governamentais novamente na semana passada, após um salto na semana anterior que alguns operadores atribuíram à aquisição de títulos irlandeses com a intenção de aliviar temores do mercado. O BCE disse que comprou 142 milhões de euros em títulos na semana encerrada em 27 de agosto, ante 338 milhões de euros uma semana antes. O spread entre os bônus governamentais de 10 anos da Irlanda contra os títulos alemães subiu em agosto por renovados temores com o custo imposto ao governo da Irlanda pela ajuda aos bancos do país. O total de títulos comprados desde 10 de maio sob o programa do BCE alcançou 61 bilhões de euros em valores arredondados, comparados aos 60,5 bilhões de euros divulgados na semana passada.

EUA estudam novos incentivos

Washington ; O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem que ele e sua equipe econômica estão discutindo medidas adicionais para promover o crescimento econômico, incluindo incentivos fiscais para empresas.

;Minha equipe econômica está trabalhando duro para identificar medidas adicionais que possam fazer a diferença tanto ao promover o crescimento e as contratações no curto prazo como para aumentar a competitividade de nossa economia no longo prazo;, disse.

Ele citou entre as possíveis ações a extensão dos cortes de impostos para a classe média que deveriam expirar neste ano, o aumento do apoio do governo ao desenvolvimento de energias limpas e mais infraestrutura.

Obama disse ainda que está considerando ;mais cortes de impostos para encorajar empresários a colocar o dinheiro para trabalhar, criando empregos nos Estados Unidos;. O presidente prometeu apresentar mais detalhes sobre as propostas nos próximos dias e semanas.

Em um ano eleitoral, ele está sob forte pressão para impulsionar os empregos após um pacote de US$ 814 bilhões não ter proporcionado redução significativa da taxa de desemprego.

Especialistas preveem que um relatório possa mostrar na sexta-feira leve aumento do desemprego em agosto para 9,6 por cento, ante 9,5 por cento em julho ;o que aprofundaria o dilema de Obama antes das eleições parlamentares de 2 de novembro.

;O fato é que muitos negócios ainda estão patinando, muitos norte-americanos ainda estão procurando emprego e muitas comunidades ainda estão longe de se refazer;, acrescentou.

Abrindo a carteira
O gasto do consumidor norte-americano teve a maior alta em quatro meses em julho, apoiado por um pequeno aumento da renda pessoal, alimentando esperanças de que os consumidores poderão contribuir para uma recuperação modesta. O Departamento do Comércio dos Estados Unidos informou que o gasto pessoal subiu 0,4%, a maior alta desde março, após registrar estabilidade em junho.

;No lado do salário real, houve uma boa alta, que é sinal de que a renda está se recuperando da recessão. No lado do gasto, o trimestre teve um começo sólido;, disse John Canally, economista da LPL Financial, em Boston.

O relatório sobre renda e gasto pessoal foi um alívio após uma série de dados fracos do mês de julho terem alimentado temores de que a economia norte-americana continuará a desacelerar no terceiro trimestre.

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