Economia

Governo amplia poder de fogo de empresas para garantir investimentos do PAC

postado em 02/09/2010 09:13
O próximo governo terá uma ajuda e tanto para ampliar a capacidade de investimentos do setor público. Segundo o projeto de lei do Orçamento de 2011 entregue ao Congresso pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, pela primeira vez, as empresas estatais desembolsarão, em um único exercício, mais de R$ 100 bilhões em investimentos. Mais precisamente R$ 107,5 bilhões, volume 13,3% maior do que o previsto para 2010 (R$ 94,9 bilhões) e quase o dobro de 2008 (R$ 53,4 bilhões), quando a economia estava avançando a pleno vapor ; a crise mundial só estourou em setembro daquele ano.

Como de praxe, os desembolsos serão liderados pela Petrobras, que fará, ainda neste mês, um processo de capitalização para manter o fôlego de seus projetos. Estima-se que o reforço de capital por meio da emissão de ações ; uma parcela importante dos papéis será comprada pelo governo com barris de petróleo do pré-sal ; engordará os cofres da companhia em mais de R$ 150 bilhões. Pelo projeto de lei, a Petrobras investirá R$ 91,2 bilhões, ou 85% do total. A Eletrobras programou desembolso de R$ 8,1 bilhões, sendo que boa parte irá para a construção da usina de Angra III.

Para o governo, os investimentos das estatais são importantíssimos para manter intocável o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma da principais bandeiras políticas da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff. As empresas estão por trás de projetos nas áreas de infraestrutura, especialmente de energia elétrica, vital para a sustentação do crescimento econômico do país nos próximos anos.

Peso demais
Os investimentos virão de 102 estatais divididas entre 84 do setor produtivo e 18 do sistema financeiro. A estatal que foi criada para tocar as Olimpíadas de 2016, entretanto, está fora do total de recursos previstos no Orçamento, já que, aos fazer as contas, o Planejamento considerou apenas as empresas existentes em janeiro último. O setor de energia responderá, sozinho, por 90% de tudo que será investido, seguido por comércio (3,4%) e transporte (3,2%). Só para a área de combustíveis minerais estão previstos R$ 77,4 bilhões, ou 72% do total, enquanto a de energia elétrica receberá R$ 8,6 bilhões, equivalentes a 8% do montante a ser investido.

A maior parte dos recursos destinado para eletricidade, R$ 3,9 bilhões, será aplicada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. O Nordeste, região que mais cresce no país apesar de problemas de suprimento, ficará com apenas 19,7% das verbas para a ampliação da rede de luz. ;O governo está jogando um peso enorme sobre as estatais. Vamos torcer para que elas não se endividem além da conta para garantir os investimentos. Se isso acontecer, será um problemão para o futuro;, disse um analista especializado em contas públicas. ;Não se pode esquecer que a Petrobras já está pendurada no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal e no BNDES;, lembrou.

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