Economia

Fundo controlado por brasileiros compra Burger King

Agência France-Presse
postado em 02/09/2010 19:09

Nova York - O fundo de investimento americano controlado por brasileiros 3G Capital comprou nesta quinta-feira (2/9) a segunda maior cadeia de comida rápida dos Estados Unidos, o Burger King, que tenta recuperar o terreno perdido frente ao rival McDonald;s e se expandir no exterior.

A compra foi feita por US$ 24 por ação, ou seja, US$ 4 bilhões com dívida incluída, informaram as partes em um comunicado conjunto.

O 3G é dono também da InBev, a maior fabricante de cerveja do mundo, que vende as marcas Stella Artois e Budweiser, integrado em parte por executivos brasileiros, incluindo Jorge Paulo Lemann (71 anos), segunda maior fortuna do Brasil. Também participam do capital da 3G os brasileiros Marcel Telles, quinta maior fortuna do país, e Carlos Alberto Sicupira, sexta.

O Burger King e a 3G Capital informaram ter assinado um "acordo definitivo aprovado por unanimidade pelo Conselho de Administração" do Burger King.

Conforme o acordado, os acionistas da rede de fast food receberão US$ 24 por ação, ou seja, com "um prêmio de 46%" em relação ao preço anterior da ação.

O Burger King, que sofreu mais com a crise financeira e econômica do que o rival McDonald;s, mudou de dono várias vezes nos últimos anos.

A empresa tem atualmente 12 mil restaurantes no mundo, divididos em mais de 75 países. A operação ocorre em um momento chave para o futuro.

A clientela tradicional é jovem, masculina e mais exposta à recessão, explicou o analista Gregori Volokhine. "O McDonald;s tem uma imagem familiar que apela para um segmento muito mais amplo, por isso o Burger King sentiu mais o impacto da crise econômica", disse o especialista à AFP.

O faturamento do McDonald;s alcançou US$ 22 bilhões no último ano fiscal, com um lucro de US$ 4,3 bilhões, enquanto o Burger King faturou US$ 2,2 bilhões e registrou lucro de US$ 186 milhões.

Em um momento em que a 3G Capital se dispõe a assumir as dívidas do Burger King, o fato de a empresa voltar a ter capital fechado poderá ajudá-la na luta contra o McDonald;s, explicou Volokhine.

"Por ser cotado em bolsa, o Burger King sofreu mais que o McDonald;s, e o retorno ao âmbito privado pode mudar o jogo. É muito difícil para uma empresa cotada em bolsa competir com um gigante".

O Burger King indicou recentemente que manterá os objetivos de longo prazo de estender as operações para fora dos Estados Unidos, a 55% do total, contra 35% atualmente.

Analistas do Citi Group opinaram que a compra poderá dar certo apoio a essa estratégia, mas que o Burger King precisará de 10 a 15 anos para chegar a esse resultado.

A rede de restaurantes informou que as ações subiram cerca de 25%, a US$ 23,43, nesta quinta-feira, ao ser anunciada a operação de compra.

O Burger King entrou na bolsa em 2006, quatro anos depois de TPG, Goldman Sachs Capital Partners e Bain Capital adquirirem a empresa por US$ 1,5 bilhão do grupo britânico Diageo.

A agência de classificação de risco Moody;s anunciou que poderá baixar a nota do Burger King depois da operação, pois a empresa está suscetível a aumentar substancialmente seu endividamento.

Conforme o acordo alcançado, a 3G Capital deverá apresentar uma oferta por todas as ações pendentes da companhia, no mais tardar em 17 de setembro.

"Estamos entusiasmados por poder trabalhar junto à 3G Capital, cujo desempenho como investidor, assim como sua experiência financeira, servirão para fortalecer ainda mais nossa empresa, nossos restaurantes e nossas franquias em todo o mundo", disse o presidente do Burger King, John Chidsey.

Durante o período de transição, Chidsey permanecerá em sua função atual e se tornará co-presidente uma vez concluída a operação, junto ao diretor da 3G Capital Alex Behring.

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