Economia

Corretora prevê que avanço do PIB pode ser de 8% em 2010

Único analista numa pesquisa com cerca de 50 instituições a acertar o desempenho do PIB, o economista-chefe da Prosper acredita que 2011 será um ano de ajuste nas contas públicas

postado em 04/09/2010 07:00
Único analista numa pesquisa com cerca de 50 instituições a acertar o desempenho do PIB, o economista-chefe da Prosper acredita que 2011 será um ano de ajuste nas contas públicasÚnica corretora entre as 50 maiores a acertar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, a Prosper prevê que a economia do país poderá encerrar 2010 com um salto de até 8%, sem riscos inflacionários ou sustos de última hora. As análises indicam, no entanto, que a pressão sobre o Banco Central (BC) deverá aumentar logo nos primeiros meses de 2011. Na visão do economista-chefe Eduardo Velho, o debate sobre a necessidade de aumentar ou não a taxa básica de juros (Selic) ; atualmente em 10,75% ao ano ; deve ganhar força. Os resultados acumulados ao longo do primeiro semestre também vão alimentar as disputas dentro e fora do governo em torno de teses que, já durante a campanha, alimentam tensões. Velho acredita que, ainda que os candidatos à Presidência da República desconversem, um ajuste fiscal acontecerá ;naturalmente; no próximo ano, especialmente porque os gastos do governo cresceram muito e não dão sinais de que vão descelerar tão cedo. ;No primeiro ano de governo, isso sempre acontece;, diz. Efeito colateral do PIB acima do previsto pela maior parte do mercado está na inflação para 2011. Eduardo Velho adverte que a meta central estabelecida pelo BC de 4,5% não deverá se confirmar, estacionando na faixa dos 5%, o que reforçaria ainda mais a discussão sobre se a Selic ficará nos níveis atuais. A seguir, os principais trechos da entrevista: A economista do IBGE Cláudia Dionísio explica a participação dos setores da economia no aumento do PIB, no último trimestre
Único analista numa pesquisa com cerca de 50 instituições a acertar o desempenho do PIB, o economista-chefe da Prosper acredita que 2011 será um ano de ajuste nas contas públicasA economia continua crescendo de forma equilibrada, a um ritmo razoável, com inflação controlada. Isso é bom. É o melhor dos mundos para o governo;
O PIB é traiçoeiro? Foi uma surpresa mesmo, mas a verdade é que a economia está crescendo a um ritmo razoável. Houve o efeito dos serviços e da Copa do Mundo. Além disso, o mercado de trabalho e o crédito estão melhorando mês a mês. Isso mostra que a economia vai se expandir até acima do que o Banco Central projeta. A gente prevê mais. Se a economia crescer 1% nos próximos trimestres, o PIB pode fechar em 7,8% ou até 8% em função dos três primeiros meses, que foram muito fortes. O que um resultado desse porte revela de bom e de ruim? A economia continua crescendo de forma equilibrada, a um ritmo razoável, com inflação controlada. Isso é bom. É o melhor dos mundos para o governo. Politicamente, isso foi ótimo para o governo. Agora, a questão é que o PIB vai abrir mais a discussão sobre se o Banco Central deveria ou não ter parado de aumentar os juros. Vai haver mais divisão no mercado entre os que acham que é preciso aumentar os juros no início de 2011 ou até junho do próximo ano. A taxa de investimento subiu, mas ainda não é a ideal... Sim, mas o dado é positivo, muito interessante. O crescimento foi puxado por uma dinâmica saudável. O grande componente foi o investimento, que empurrou as importações e recompôs o parque industrial. E como fica a inflação em 2011? As expectativas ou vão permanecer como estão ou subirão para 4,9% ou 5%, o que casa com a discussão sobre se vai haver aumento de juros logo no início do ano. Um ajuste fiscal por parte do novo governo será inevitável? Vai haver uma desaceleração natural. No primeiro ano de governo, isso sempre acontece. Os gastos cresceram tanto em 2010 que vai acontecer, não tem jeito. Mas o cenário está muito consistente com o que o próprio governo traçou no Orçamento, por exemplo. Está tudo um pouco a favor do Banco Central a curto prazo e a favor do governo, com crescimento ainda controlado. Mas claro que vai haver o debate de que o país não pode ficar dependente do crescimento, que há riscos, que, se uma crise internacional vier, pode atrapalhar. O que esperar para o terceiro trimestre? Teremos crescimento do consumo das famílias, o ritmo das importações vai diminuir e o governo deverá aparecer gastando bem. Não consigo ver um crescimento menor do que 1% no terceiro e no quarto trimestres.

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