Vera Batista
postado em 05/09/2010 08:58
O velho ditado ;o olho do dono é que engorda o gado; deve ser rigidamente seguido quando se trata de investir no mercado de ações. O seu dinheiro tem que ser controlado por você e a responsabilidade por escolher em que e como aplicar suas economias é exclusivamente sua. As oportunidades de lucro existem até nos momentos mais críticos ou de crise aguda, basta procurar a orientação correta. ;Dependendo do prazo do investimento, nem sempre as blue chips (ações mais negociadas nos pregões) são as mais indicadas;, ensina Breno Carlos, assessor de investimentos da TOV Corretora.Apesar da turbulência internacional, com a crise de confiança na Europa, o baixo crescimento dos Estados Unidos e o impacto de tudo isso no Brasil, algumas ações têm voado em céu de brigadeiro. As principais são do setor de varejo (veja quadro abaixo). ;A demanda interna está aquecida. O consumo das famílias cresce há 27 trimestres consecutivos, o que tende a garantir bons lucros às empresas que atuam nesse segmento. É isso que o investidor tem que prestar atenção;, diz Carlos.
Levantamento da TOV Corretora aponta que, entre as 10 companhias que apresentam as maiores altas neste ano na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), quatro são do setor de varejo, duas de energia e as demais de mineração, petróleo, petroquímica e aviação. No outro extremo, as maiores perdas envolvem justamente as blue chips, com mais peso no Ibovespa, o principal indicador de lucratividade do pregão paulista, que, por sinal está negativo. ;A Petrobras, por exemplo, viveu a novela da capitalização e seus preços desabaram. Outras, como a Vale, sentiram o baque dos preços das commodities (mercadorias com cotação internacional), mesmo com seus balanços tendo apresentado bons resultados;, afirma o analista.
Portas dos fundos
Para Marcelo Coutinho, sócio-presidente da YouTrade, não faltam boas oportunidades de ganhos no mercado. Mas os investidores têm de assumir responsabilidades, não deixarem tudo nas mãos dos operadores. ;Costumo dizer que o investidor é culpado pelo que lhe acontece, na expectativa do que ele deseja;, provoca. Ele conta casos interessantes de clientes que o procuram desesperados por terem perdido mais da metade do dinheiro aplicado ; às vezes, da aposentadoria.
Na primeira pergunta, Coutinho identifica o motivo da desgraça. ;Quando questiono o que o cliente fez, ele responde: nada, deixei na mão dele (do operador). E eu digo: ora, você procurou o prejuízo.; Com esse discurso, o analista quer alertar sobre a necessidade de se entender como funciona o mercado acionário.
Coutinho calcula que ;99% dos investidores entram na Bolsa pelas portas dos fundos;. Usam o CPF e o RG para abrir uma conta em uma corretora. Depois, delegam poderes inusitados ao primeiro que vê pela frente e acham que o especialista é Deus. ;Dessa forma, o índice de frustração é incalculável;, afirma. E acrescenta: ;Errar é humano. Mas até do erro o investidor tem que estar consciente;.